Genebra - A recuperação da economia mundial passa pelo aumento dos salários, por uma distribuição de renda justa e pela regulação dos sistemas financeiros, anunciou nesta quarta-feira (10/9) a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (CNUCD) em um relatório.
A CNUCD prevê um crescimento mundial de entre 2,5% e 3% em 2014 (contra 2,3% em 2012 e 2013). Mas isso dependerá das regiões. Os países em desenvolvimento crescerão em torno de 4,7% (contra 4,6% em 2013) e os desenvolvidos, 1,8% (1,3% em 2013).
"Este crescimento apresenta alguns aspectos que nos levam a pensar no pré-crise" de 2007, como as bolhas de ativos, os créditos fáceis, um setor financeiro que continua desregulado e a desigualdade social, explica o coordenador do relatório, Alfredo Calcagno.
Além disso, a "recuperação é fraca" e o "comércio internacional segue apático", ressaltam os especialistas da ONU, para quem o crescimento do comércio mundial exige uma recuperação vigorosa da produção nacional impulsionada pela demanda interna.
A demanda deveria ser o "motor" da recuperação. "Mas para investir, é preciso prever o que vai ser vendido", disse Calcagno.
[SAIBAMAIS]Para sair deste período prolongado de "marasmo econômico", a ONU considera que é necessário reforçar a demanda global por meio de um aumento real dos salários e de uma distribuição de renda mais justa, em vez da formar novas bolhas financeiras.
"O mundo corre o risco de reproduzir erros passados. É urgente reforçar a demanda interna e colocar as finanças em seu lugar", dizem os economistas, considerando que as causas profundas da crise de 2007 - entre elas a ausência de regulação financeira mundial - não foram solucionadas.