A sexta-feira amanheceu negra para as contas públicas. No mesmo dia em que o país acordou em recessão, com dois trimestres negativos consecutivos para o Produto Interno Bruto (PIB), o governo registrou o pior déficit primário da série histórica, iniciada em 1997. O governo central (formado por Tesouro Nacional, Banco Central (BC) e Previdência Social) gastou mais do que arrecadou e fechou julho com um resultado negativo de R$ 2,2 bilhões. No mês anterior também houve déficit, de R$ 1,9 bilhão.
Com isso, o acumulado no ano até julho, de superávit de R$ 15,2 bilhões, ficou inferior em 60% ou R$ 23,1 bilhões ao registrado no mesmo período de 2013. O superávit primário é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida.
O Tesouro Nacional arrecadou R$ 43,4 bilhões, 37,2% ou R$ 25,6 bilhões a menos do que nos primeiros sete meses de 2013. O déficit na Previdência, por sua vez, foi reduzido em R$ 2 bilhões (6,5%), acumulando resultado negativo de 28,2 bilhões até julho. Já o Banco Central teve superávit de R$ 39,3 milhões no período, em comparação ao deficit de R$ 548,6 milhões no ano passado. No mês, contudo, o resultado do BC recuou R$ 146,3 milhões. As receitas da autarquia caíram 43,8% em julho.
Um dos principais responsáveis pela queda nas receitas foi o recolhimento de dividendos, a parte no lucro das estatais repassada ao governo. Nos últimos meses as empresas têm adiantado o pagamento desses dividendos para contribuir para o fechamento das contas públicas. Tanto que, até julho, já foram pagos R$ 10,5 bilhões relativos a essa rubrica, ante R$ 7,7 bilhões do ano passado. Em julho, contudo, houve queda de 99% em relação ao arrecadado no mesmo mês de 2013.