Há situações em que a dificuldade para a aceitação é tamanha que casamentos até então embalados pelo clima de felicidade acabam. Quando os maridos se mostram compreensivos, são os familiares que atormentam as profissionais bem-sucedidas, a ponto delas ouvirem questionamentos do tipo: ;Como pode sustentar aquele vagabundo?;. Essa situação se agrava no Distrito Federal e no Amapá, onde segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o salário médio das mulheres é maior do que o dos homens.
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A médica Suzane Coimbra, 35 anos, não esconde os traumas das cobranças. No início, quando montou seu consultório, só recebia elogios do marido, Marcos, 37, vendedor de produtos farmacêuticos. ;Ele sempre ressaltava a minha força de vontade, o meu empenho em melhorar;, conta. À medida, porém, que a clientela de Suzane foi aumentando, e ela assumindo a maior parte das despesas de casa, o marido começou a ficar ressabiado.
O quadro piorou quando Marcos perdeu o emprego e foi obrigado a se recolocar em outra companhia ganhando menos. ;Daí em diante, foi um inferno. Ele se sentiu humilhado e passou a me tratar com ironias e desrespeito. Para piorar, meus pais e meus irmãos passaram a ver a nossa relação como problemática e a classificar Marcos como aproveitador, que não parava em emprego nenhum, porque tinha uma mulher que o sustentava;, relembra Suzane.