Jornal Correio Braziliense

Economia

Em 2015, conta de luz poderá quase dobrar; custo entra no debate eleitoral

Governo não investe em obras vitais para ampliar oferta de eletricidade e, ao mesmo tempo, afasta capital privado que poderia bancar empreendimentos ao optar pela modicidade tarifária, a política do menor preço

Os consumidores devem preparar o bolso e, sobretudo, os ouvidos. Com as eleições se aproximando, a conta de luz entrará com tudo nos debates dos presidenciáveis. Certamente, todo tipo de promessa será apresentado na tentativa de angariar votos. Mas o sistema elétrico vive hoje um quadro tão complicado, que não haverá saída simples. O estrago acumulado nos últimos anos custará caro às famílias, ainda que os reajustes para cobrir o rombo no caixa das empresas ; geradoras e distribuidoras ; sejam diluídos ao menos até 2017. Se os especialistas estiverem corretos, os valores das tarifas até lá vão quase dobrar, com aumento médio anual de 25%.

Os nós a serem desatados refletem uma série de equívocos cometidos pelo governo. Diante da necessidade de fazer ajuste fiscal, mas sem disposição para conter os gastos com a máquina pública, o Palácio do Planalto optou por cortar investimentos que ampliariam a oferta de eletricidade. Nesse quadro, o ideal seria estimular o setor privado a tocar as obras de que o país tanto precisa. A conta fecharia. Mas, em vez de atrair o capital necessário, o governo o afastou ao optar pelo populismo e adotar um sistema chamado de modicidade tarifária ; política do menor preço.



Não por acaso, o buraco no sistema só aumenta. Muitos dos projetos que poderiam dar alívio ao país em períodos de secas extremas, como a deste ano, continuam no papel. Apesar de os reservatórios das hidrelétricas estarem em níveis tão baixos quanto os de 2001, quando houve racionamento de energia, a presidente Dilma Rousseff decidiu intervir no setor para reduzir as tarifas em 20%, na média. Ao mesmo tempo, mandou ativar, ao máximo, as termelétricas que custam cerca de R$ 2,3 bilhões por mês.

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