O Brasil já fechou com os parceiros do Mercosul a oferta que será levada à União Europeia para assinatura de um acordo comercial, e só aguarda a apresentação da contrapartida do bloco europeu, disse nesta sexta-feira (7/8) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges.
;O objetivo do Brasil é um acordo comum entre os parceiros do Mercosul com a União Europeia. Desde o início, isso foi falado. Os argentinos, os paraguaios e uruguaios caminharam junto com o Brasil, e nós estamos com a oferta praticamente concluída;, acrescentou Borges, após participar da abertura do 33; Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex).
Segundo o ministro, isso não eliminaria, porém, a opção ; que considera a ;pior para todo mundo; ; de ter velocidades diferentes com um único acordo. Não é a linha que o Brasil está adotando, disse ele, lembrando que, do ponto de vista do bloco do Mercosul, a oferta está pronta para ser levada ao bloco europeu.
;Estamos aguardando uma sinalização por parte da União Europeia de consulta a seus países;. Isso ainda não foi feito e é uma condição importante para a troca de ofertas, ressaltou Borges, explicado que, como se trata de uma ação voluntária, não há prazos estabelecidos. Borges admitiu que o Brasil pode adotar maior velocidade de abertura do mercado do que seus parceiros em uma negociação com a União Europeia, caso os sócios do Mercosul não cheguem no mesmo ritmo.
;Essa possibilidade sempre existe. ; Como exemplo, citou o processo de desgravação tarifária com os países-membros do Acordo do Pacífico, que está muito mais avançado em relação aos demais membros do Mercosul. ;No âmbito de acordos do Mercosul com os países vizinhos, o processo de desgravação é muito mais rápido.
Ou seja, já operamos no fast track [caminho mais rápido] de desgravação tributária. Isso tem precedentes no caso dos acordos comerciais no âmbito da América Latina." Ele ressaltou que, embora a possibilidade não tenha sido descartada, esse não é o caminho preferencial que o Brasil está buscando.
O ministro defendeu o multilateralismo como elemento fundamental para o fortalecimento da integração comercial com os três grandes parceiros do Brasil, que são a União Europeia, os Estados Unidos e a China, sem esquecer a necessidade de fortalecer também a integração na América Latina. Ele disse que o acordo com a União Europeia possibilitará o surgimento de uma especialização produtiva na base industrial diversificada do Brasil.
;O Brasil, sem especialização produtiva nas grandes cadeias industriais do mundo não consegue construir vantagens competitivas estruturais;. reforçou Borges. Para ele, o acordo com o bloco europeu é fundamental do ponto de vista de ganho de escalas. No caso da parceria estratégica com os Estados Unidos, Borges destacou a necessidade de avançar mais no campo da cooperação técnica, corporativa e tecnológica. Segundo ele, a parceria estratégica com a China consolidou-se por meio de dois instrumentos, o Banco de Desenvolvimento do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o acordo contingente de reservas.
Para Borges, fortalecer a integração produtiva da América Latina também é desafio. Ele lembrou que o Brasil tem uma proposta para antecipar os acordos de complementação econômica com os países da Aliança Pacífico da América do Sul, que prevê que o livre comércio será atingido em 2019. O Brasil defende a redução do prazo para 2016, para ter um acordo que incorpore também Peru, Colômbia e Chile.
O ministro acredita que a integração com os parceiros permitirá ao país dar um novo salto comercial, ampliando a atual corrente de comércio, de US$ 500 bilhões, para cerca de US$ 1 trilhão, nos próximos dez anos. Sem arriscar números, ele disse que o país terá este ano superávit comercial maior que o do ano passado. ;Essa é a minha grande esperança;, afirmou.