Há vários meses, Paris não manifestava críticas diretas à política europeia. Segundo todos os economistas e a própria Comissão, a França terá grandes dificuldades para reduzir no ano que vem seu déficit público a 3% do Produto Interno Bruto. Mas o governo francês, que enfrenta um crescimento menor do que o previsto, parece decidido a voltar a atacar, com o foco sobretudo no BCE, cujas iniciativas para reanimar a atividade econômica havia elogiado.
"Sem dúvida (o BCE) precisa ir além", disse Valls na sexta-feira.
Para isso, a França espera contar com o apoio da Itália, que acaba de assumir por seis meses a presidência da União Europeia.
Em seu discurso, o primeiro-ministro francês enviou também uma mensagem à Alemanha, grande defensora da disciplina orçamentária. "Não se trata de pedir algo aos europeus", disse sobre a trajetória orçamentária da França, reforçando que seu país já fez um "esforço colossal" de cortes, estimados em 50 bilhões de euros.
"Eu me recuso a anunciar um esforço suplementar", afirmou, dando a entender que a França não fará mais sacrifícios para voltar a qualquer custo aos 3% de déficit, meta imposta pelos tratados europeus.
Valls lembrou que "no início dos anos 2000, França e Alemanha pediram que a meta fosse prorrogada". Por outro lado, o primeiro-ministro acredita que o desemprego francês tenha alcançado um nível totalmente insuportável". No final de junho, o país registrava cerca de 3,4 milhões de desempregados.
Além do desemprego, Valls alertou sobre "o custo de vida, os problemas de moradia e a preocupação dos franceses com o seu futuro e o de seus filhos". Existe "uma crise de confiança que devemos frear urgentemente", disse.