As taxas obtidas pelo Tesouro Nacional na emissão de US$ 3,55 bilhões de títulos no exterior estão relacionadas à diminuição da liquidez internacional, não a uma eventual desconfiança dos investidores estrangeiros em relação à economia brasileira. A avaliação é do coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido.
Segundo Garrido, o fato de, em 2011, os Estados Unidos estarem em pleno processo de injeção de dólares na economia mundial, reduziu as taxas de juros em todo o planeta na época. ;Temos de olhar as condições macroeconômica da época. Em 2011, estávamos no auge da liquidez internacional, com taxas em níveis historicamente baixos;, explicou.
Por meio das emissões externas, o Tesouro capta recursos no mercado internacional. Os juros, em tese, refletem a percepção dos investidores estrangeiros em relação à capacidade de o país honrar os compromissos. Quanto menor a taxa, maior a confiança.
No ano passado, os Estados Unidos começaram a retirar os estímulos monetários. Para mostrar que a mudança nos juros está relacionada à diminuição da liquidez internacional, Garrido apresentou dados que comprovam que outros países latino-americanos também emitiram títulos com taxas mais altas neste ano. ;O México e a Colômbia recentemente lançaram papéis de 30 anos com cupom de mais de 5,5% ao ano;, ressaltou.
O coordenador destacou ainda que os investidores estrangeiros continuam interessados não apenas nos títulos da dívida externa, mas também investem na dívida interna do país. A parcela da dívida interna nas mãos de não residentes aumentou de R$ 369,8 bilhões em maio para R$ 383,6 bilhões em junho, alta em torno de 14%. "Isso mostra que o Brasil permanece um país interessante para os aplicadores estrangeiros", disse.