A venda de veículos usados cresceu 4,6% no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado, mostra levantamento divulgado nesta segunda-feira (14/7) pela Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).
De janeiro a junho, foram comercializados mais de 6,1 milhões de seminovos, incluindo automóveis, comerciais leves e pesados e motocicletas. No mês de junho, no entanto, houve queda de 12,9% no setor na comparação com maio ; foram negociadas 960.403 unidades no mês passado e 1.103.156 em maio.
O recuo no último mês é explicado pela Copa do Mundo, que coincidiu com o período de férias, fazendo diminuir a movimentação das revendas, disse o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos. ;Isso já era previsível. Por outro lado, temos o crescimento no semestre, com o qual estamos recuperando as perdas que tivemos desde 2009;, acrescentou Santos.
[SAIBAMAIS]De acordo com Santos, a Fenauto estima avanço entre 6% e 7% no setor neste ano. ;Acreditamos que vamos atingir a meta. O consumidor avalia as vantagens e vê que pode comprar um carro, com preço de popular, com mais [itens] agregados.;
Além disso, destacou Santos, a restrição do crédito nos últimos dois anos, com o aumento da inadimplência, fez caírem as vendas no segmento. ;Os bancos mudaram os critérios para o crédito ; antes, 70% dos carros vendidos eram financiados e o financiamento está em torno de 35%.; Para Santos, a alta não tem relação com a inclusão de itens como freios ABS e airbag, que se tornaram obrigatórios e elevaram o preço dos veículos. ;A questão é o crédito. Se melhorar, vamos crescer mais ainda;, airmou.
Revendedores ouvidos pela Agência Brasil na capital paulista, porém, não se mostraram tão otimistas com o resultado do primeiro semestre. Proprietário de uma loja na Rua Clélia, Maurício Korm,não vê avanço nos negócios deste ano. ;Não está aquecido. O que acontece é que [o mercado de usados] estava parado e agora pinga alguma coisa;, disse o empresário. Segundo ele, na rua onde fica a loja, conhecida pelo comércio de usados, muitas revendas fecharam as portas. ;Estamos aqui há 45 anos. Aqui, era uma loja do lado da outra e agora são poucas.;
O comerciante Edir Daiam, que trabalha há 20 anos em uma loja na Alameda Barão de Limeira, no centro, também não vê melhora nas vendas. ;O preço dos seminovos continua alto, não há competitividade em relação ao novo;, avaliou. Gerente de uma loja de revenda na mesma rua, Douglas Evandro, admitiu que a mudança no mercado de veículos novos, com a obrigatoriedade dos itens de série, trouxe pequenos avanços para o setor de usados, mas nada de excepcional. ;Se vendeu alguma coisa a mais por isso, não foi nada extraordinário. O ano todo está quieto.;
Para o presidente da Fenauto, essa sensação de alguns revendedores pode estar relacionada ao tipo de veículo que comercializam. De acordo com Santos, o que se vende é carro com quatro a oito anos de uso. "Então, depende do tipo de veículo que ele tem disponível na loja. Se tem carros quase zerados, ele não vai sentir tanto essa melhora;, afirmou.
Os dados da Fenauto indicam a venda de 378.739 carros usados jovens (quatro a oito anos). Em seguida, estão os da categoria velhinhos (mais de 13 anos), com 247.731, e os seminovos (até três anos), com 205.374. Os menos procurados são os carros com nove a 12 anos de uso, com 128.559 unidades vendidas de janeiro a junho.