"As atividades de Citi contribuíram bastante para a crise financeira que devastou nossa economia em 2008", afirmou o secretário de Justiça Eric Holder, criticado por não ter sancionado até agora nenhum grande banqueiro de Wall Street.
O Citigroup é acusado de ter comercializado entre 2003 e 2008 papéis vinculados a empréstimos hipotecários duvidosos, que causaram bilhões de dólares em perdas para os investidores que os compraram.
[SAIBAMAIS]"O acordo anunciado hoje com o Departamento de Justiça, os fiscais e a FDIC resolve todos os nossos litígios em curso sobre os documentos de garantia hipotecária de empréstimos imobiliários RMBS (Residential Mortgage-Backed Securities, ndlr) e os ;subprime;, (títulos derivados vinculados aos créditos imobiliários)", comentou o diretor-geral Michael Corbat.
Em Wall Street, o título subiu 3,66%, a 48,74 dólares, refletindo o alívio dos investidores diante da constatação de que o banco não está no vermelho, apesar das sanções. O volume de negócios também foi superior às previsões: 19,3 milhões de dólares (uma queda de 5,6% em um ano), contra 18,93 milhões esperados, apesar da redução das atividades de corretagem.
Este acordo põe fim a vários meses de negociações entre o banco e as autoridades norte-americanas, que há tempos ameaçavam levar o Citigroup a um tribunal penal.
Mais de US$ 80 bilhões em multas
O banco havia proposto no início das negociações pagar 363 milhões de dólares, enquanto o Departamento de Justiça exigia 12 bilhões. O Citigroup também é alvo de uma investigação do organismo regulador da bolsa, a SEC e o DoJ, por dois casos de fraude descobertos na filial mexicana, Banamex.
Em ambos os casos, o Banamex emprestou a duas empresas locais dinheiro que deveria servir para financiar dívidas com a estatal petroleira Pemex, empresas para as quais o governo mexicano não concedia novos contratos. O custo dessa fraude, avaliada em 235 milhões de dólares, obrigou o Citigroup a revisar seu balanço anual de 2013 para baixo.
No fim de março, o Federal Reserve (Fed) prejudicou o banco, rejeitando projetos de utilização de liquidez e invocando uma solidez financeira insuficiente para distribuir dividendos a seus acionistas. Outros bancos também negociaram ou ainda negociam acordos com as autoridades norte-americanas em relação a créditos concedidos a devedores insolventes (subprime) e que se desvalorizaram muito com a crise do setor imobiliário.
Em 2013, o JPMorgan Chase aceitou pagar 13 bilhões de dólares para evitar um processo. O Bank of America continua negociando com as autoridades americanas, que exigem 17 bilhões de dólares, de acordo com a imprensa dos Estados Unidos. Mais de dez bancos no país pagaram desde 2012 quantias acima de 80 bilhões de dólares em multas.