Jornal Correio Braziliense

Economia

Inflação mostra resistência, mas efeitos de elevação da Selic vão aparecer

O Copom aumentou a Selic por nove vezes seguidas, até a reunião de abril e, no mês passado, optou por manter a taxa em 11% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) considera que a inflação ainda mostra resistência, mas avalia que os efeitos da elevação da taxa básica de juros, a Selic, ainda vão se materializar. O Copom aumentou a Selic por nove vezes seguidas, até a reunião de abril e, no mês passado, optou por manter a taxa em 11% ao ano. O índice é usado nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. Ao manter a Selic, o comitê indica que considera que as elevações anteriores foram suficientes para gerar os efeitos esperados sobre a inflação.

[SAIBAMAIS]O BC tem que encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Essa meta tem como centro 4,5% e limite superior em 6,5%. Pelas projeções de instituições financeiras, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar este ano em 6,47%, bem próxima do teto da meta.



Na ata, o Copom diz que ;a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência;. Segundo o comitê, isso ocorre porque há, atualmente, dois ;importantes processos de ajustes de preços;: realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e dos preços administrados em relação aos livres. ;O comitê reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impacto direto sobre a inflação e reafirma sua visão de que a política monetária [definição da taxa Selic] pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes;.

O comitê lembra que para combater essas e outras pressões inflacionárias houve aumento da Selic, ;mas o comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar. Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados;, acrescenta o Copom, na ata.