Miami - A indústria mundial da reciclagem começa a se recuperar, após ter sido fortemente afetada pela recessão, declarou nesta terça-feira (3/6) à AFP, em Miami, o presidente de uma federação internacional que reúne empresas do ramo, destacando a liderança brasileira no setor na América Latina.
"Estamos vendo alguma luz no fim do túnel", disse Bjorn Grufman, presidente do Birô Internacional de Reciclagem (BIR, na sigla em inglês), que se define como a principal federação de empresas e associações nacionais de reciclagem do mundo, com 900 membros de 70 países.
A crise financeira de 2008 "afetou, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa" o setor de reciclagem de metais, que representa entre 70% e 80% do total de materiais reciclados no mundo, admitiu o sueco Grufman, que participa na convenção anual do BIR, celebrada em Miami, Flórida (sudeste dos Estados Unidos).
A compra de ferro-velho e restos de aço foi, em 2008, de 335 milhões de toneladas, para um ano depois cair para 265 milhões. Em seguida, foi subindo sutilmente até se situar em 375 milhões de toneladas em 2013, segundo cifras do BIR, com sede em Bruxelas.
"Estou certo de que nossa indústria em dez anos terá superado o nível que tinha antes da crise", disse Grufman.
Quanto à América Latina, o presidente do BIR disse que, com exceção do Brasil, que "se situa quase no mesmo nível dos Estados Unidos e desenvolve rapidamente sua indústria da reciclagem", a região está muito atrasada.
"Não há desenvolvimento técnico, não há demanda de material reciclado", disse.
O especialista reforçou que a indústria de coleta de lixo "tende a ser um pouco corrupta" na região.
Esta realidade é algo "do que nossos amigos na América Latina devem se distanciar porque está atrapalhando uma indústria da reciclagem limpa e racional", disse.
Apenas 60 dos membros do BIR são latino-americanos, a maioria, brasileiros.