Jornal Correio Braziliense

Economia

Presidente do IBGE diz que indicadores essenciais não terão descontinuidade

Servidores do instituto então em greve

A presidenta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, disse nesta segunda-feira (26/5), no Rio de Janeiro, que a adesão dos servidores à greve é parcial na maioria das unidades, em todo o o país, que já deliberaram pela paralisação e que técnicos permanecem exercendo suas atividades, o que sinaliza que não haverá descontinuidade na divulgação dos indicadores considerados essenciais para a sociedade brasileira.

[SAIBAMAIS];E é assim que nós queremos continuar nesse processo, de forma a garantir para a sociedade que aquelas informações essenciais para a tomada de decisões privadas e públicas [serão divulgadas] para garantia de que os contratos serão celebrados e confirmados. Essa essencialidade da nossa produção será mantida. Ou seja, vai haver divulgação, por exemplo, do Produto Interno Bruto (PIB), no próximo dia 30;, afiançou. Ela completou que a direção do IBGE está atenta à coleta e à divulgação de todas as pesquisas conjunturais.

De acordo com a Associação de Servidores do IBGE (Assibge), a paralisação já atingiu 15 das 31 unidades do instituto. Na terça-feira (27/5) será decidida, em assembleia, a paralisação ou não na unidade Canabarro, no Maracanã, na capital fluminense.

A presidenta assinalou que a direção do instituto tem mantido um canal permanente de diálogo com a representação dos funcionários, tendo feito sete reuniões nos últimos sete meses, das quais [ela] participou de quatro. ;A direção nunca se recusou a conversar;. Para Wasmália, a pauta apresentada pelo sindicato da categoria tem "motivações políticas, que parecem ser mais importantes do que as reivindicações trabalhistas;. Como exemplo, citou o pedido para ela saia da direção ou que haja a reintegração, no momento, dos recursos orçamentários do IBGE. ;Isso é desconhecer como o IBGE funciona;. Segundo Wasmália, como os servidores pedem sua saída da presidência do órgão, isso inviabiliza sua posição como negociadora.

Ela concordou que é legítimo o pleito dos funcionários de equiparação salarial com a carreira de gestão, caso do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ou do Banco Central, o que representaria, para o nível superior, por exemplo, aumento de 37%. ;Essa reivindicação é antiga e todos nós endossamos. Queremos isso também. A questão é a oportunidade e a maneira de encaminhar isso em momentos em que possa ser aceito e levado adiante, no âmbito do governo;, ponderou.



Ela se pergunta por que motivos os grevistas não incluíram na pauta o reajuste de benefícios como vale-alimentação, auxílio-creche ou auxílio-saúde, que atingiram patamares muito baixos. ;Não tem nada disso na pauta de reivindicações apresentada;. Não faz parte também a retribuição de titulação, que compõe os pleitos de todo o corpo funcional de nível superior, avaliou. Wasmália disse ainda que a medida aprovada na negociação de 2012 acabou criando uma distorção, porque a retribuição para quem tem mestrado, por exemplo, é R$1,4 mil, enquanto uma gratificação de qualificação para um funcionário de nível médio, que tenha cursos técnicos de até 360 horas, sobe para R$ 2 mil.

O concurso efetuado no ano passado não solucionou a carência de pessoal do IBGE, reconheceu Wasmália. Ela espera, contudo, que haja um atendimento regular, para ;que todos os anos, possamos realizar concurso e, dessa forma, dar garantias de continuidade ao nosso trabalho;. O IBGE conta atualmente com 5,8 mil funcionários e necessita ampliar o quadro, por causa das aposentadorias que vêm ocorrendo. O ideal, disse a presidenta, seria um quadro em torno de 7 mil servidores.

Wasmália Bivar informou que a partir de amanhã vai começar a ter dados mais precisos sobre a adesão ao movimento de paralisação. Para isso existe o controle eletrônico do ponto, lembrou. Acrescentou que se alguma unidade tiver problema de pessoal, ;a direção vai mandar gente para lá;, de modo a garantir a continuidade dos trabalhos. A ordem do Ministério do Planejamento é para que seja assinalada falta no ponto dos grevistas e que os salários sejam descontados na próxima folha de pagamento.

Outra questão complicada diz respeito aos funcionários temporários, que a Assibge quer que sejam substituídos por efetivos. Facultado por lei, o IBGE conta com 4,5 mil funcionários temporários por um prazo que foi estendido recentemente de dois para três anos. Desses, menos de 200 são sindicalizados. Eles recebem um salário de R$ 1.020 para uma carga de oito horas de trabalho por dia e executam somente atividade de coleta de dados. Já um recém-contratado de nível médio, do quadro efetivo, recebe salário final de R$ 4.626,68 se comprovar cursos técnicos.

Ela disse que a diferença salarial se justifica porque os funcionários efetivos exercem outras atividades além da coleta, ;o que não significa que não estejamos atentos à necessidade de melhoria na remuneração dos temporários;. Wasmália alertou, porém, que o movimento de reivindicação de aumento pelos temporários não pode ocorrer junto com o dos servidores públicos lotados no IBGE. A Secretaria de Relações do Trabalho do ministério deixou claro que a associação de servidores do IBGE não representa os temporários. A inclusão desses servidores temporários no quadro permanente só pode ocorrer por meio de concurso público.