Jornal Correio Braziliense

Economia

Falta de chuvas contribuiu para aumentar empréstimo para distribuidoras

Inicialmente, o governo tinha anunciado que o empréstimo corresponderia a R$ 8 bilhões, mas o valor final da operação foi ampliado

A falta de chuvas nos últimos meses contribuiu para que o empréstimo que as distribuidoras terão que fazer no mercado seja maior do que o previsto. Isso porque, com menos chuvas, subiu o custo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que é o valor que as distribuidoras pagam pela energia no mercado livre, fazendo com que o total do empréstimo tivesse que ser maior.

Na última quarta-feira (9), o Ministério da Fazenda anunciou que o empréstimo que as distribuidoras terão que tomar no mercado para cobrir os gastos extras com termelétricas e com a compra de energia no mercado livre será operado por 13 bancos e totalizará R$ 11,2 bilhões. Inicialmente, o governo tinha anunciado que o empréstimo corresponderia a R$ 8 bilhões, mas o valor final da operação foi ampliado.

;Quando estimamos os R$ 8 bilhões, trabalhamos com um valor menor para o PLD do que temos agora para os próximos 12 meses;, explicou o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino. Segundo ele, o que fez com que o custo do PLD ficasse acima das expectativas do governo foi a ocorrência de chuvas menor do que o esperado. ;O PLD que trabalhávamos lá atrás tinha uma expectativa de regime hidrológico mais favorável do que foi, por isso o PLD está mais alto agora. A previsão [de chuvas] tem sido pior do que o esperado;, disse. Atualmente o PLD está próximo do preço limite, acima de R$ 800.

Outro fator que contribuiu para o aumento do valor do empréstimo foi a decisão do Tesouro de alocar parte dos recursos que seriam passados para as distribuidoras diretamente para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Dos R$ 4 bilhões previstos para entrar na conta das empresas, R$ 2,8 bilhões foram realocados para a CDE, um fundo setorial que cobre parte dos custos do setor.

Apesar da previsão de que o valor desse empréstimo seja repassado para as tarifas de energia dos consumidores a partir do ano que vem, Rufino disse que ainda não é possível estimar de quanto será o aumento na conta de luz. Ele lembrou que, no ano que vem, vencem as concessões de diversas usinas hidrelétricas e essa energia voltará para o governo e, como será mais barata, será usada para abater um possível aumento nas tarifas. ;Ela vai entrar substituindo uma exposição involuntária ou contratos mais caros, e irá reduzir de maneira importante a tarifa. O quanto um vai neutralizar o outro não sei prever, mas vai ser atenuado de maneira relevante;, disse.

Rufino garantiu que a Aneel não pensa em mudar as regras de cálculo do PLD no momento. ;O governo não cogita mexer na regra no meio do jogo;, disse. Mas, segundo ele, o assunto tem que ser discutido, principalmente sobre a exposição das distribuidoras a preços tão altos, como estão sendo praticados no momento. ;Precisamos buscar uma regra para evitar que distribuidoras fiquem expostas em um patamar tão alto;. Para Rufino, um dos aspectos que merecem reflexão é de que o PLD não seja calculado com base no custo da usina mais cara do sistema, como ocorre hoje.