O Banco Mundial (BM) anunciou nesta terça-feira que duplicará sua capacidade anual de empréstimo aos países emergentes, como Brasil e México, na esperança de alcançar o objetivo de erradicar a pobreza extrema até 2030.
"As necessidades dos países em desenvolvimento ultrapassam as capacidades do Banco Mundial de atendê-las", declarou o presidente da instituição, Jim Yong Kim. "Mas podemos fazer mais, muito mais", garantiu.
Após priorizar em dezembro a ajuda aos países mais pobres, o Banco pode agora "quase duplicar seus empréstimos anuais aos países com rendas intermediárias, de 15 bilhões de dólares a um máximo de 28 bilhões", anunciou o presidente em um discurso em Washington.
Como consequência, a linha de crédito para países como Brasil, México e China aumentará a partir deste ano 2,5 bilhões de dólares, a 19 bilhões, embora acompanhada de um maior custo de empréstimo.
O limite de crédito para a Índia alcançaria os 20 bilhões de dólares. Segundo Kim, os países emergentes, alguns atravessando um período de turbulência, estavam chegando ao limite e pediam uma extensão dos empréstimos.
Com este aumento de potência financeira, em uma década o Banco Mundial planeja incorporar 100 bilhões de dólares a sua capacidade de crédito para alcançar cerca de 300 bilhões de dólares, afirmou Kim.
"Este aumento da contundência financeira não tem precedentes no BM", acrescentou o presidente da instituição, enfatizando que o objetivo é a luta contra a pobreza. Segundo dados do Banco Mundial, dois terços das pessoas que vivem com menos de 1,25 dólar no mundo estão concentradas em cinco países, incluindo economias emergentes como Índia e China.
O organismo busca também se adiantar à concorrência de outros atores das políticas de desenvolvimento, tanto privados como públicos, para aumentar em um futuro próximo em cerca de 50% seus novos investimentos, empréstimos e garantias que a instituição aprova a cada ano.
De acordo com dados do Banco Mundial, dois terços das pessoas que vivem com menos de 1,25 dólar por dia no mundo estão concentradas em cinco países, incluindo economias emergentes como a Índia e a China.
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Mas a instituição também procura fazer jus ao nome, uma vez que enfrenta a crescente concorrência de outros credores no mundo em desenvolvimento, incluindo públicos e privados.
A Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento são fortes atores na América Latina, enquanto o grupo de grandes países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) trabalha a ideia de criar o seu próprio banco de desenvolvimento para romper com o BM, nas mãos dos países desenvolvidos.
O Banco deve "trabalhar de forma diferente", porque atualmente "os governos e as empresas podem encontrar financiamento e transferência de conhecimentos em muitos outros lugares", reconheceu Kim.
Forçado a encontrar recursos, o Banco tem explorado diversas opções. Em 2013, deu início a um plano de redução de seu orçamento de funcionamento e deve revisar seus regulamentos para poder aumentar sua capacidade de ajudar os mercados internacionais.
"Estamos analisando tudo, desde a nossa política de viagens até a forma como fazemos aquisições", declarou Kim, sem excluir possíveis reduções em sua força de trabalho de 10.000 funcionários.
Eventualmente, "acredito que seremos um banco menor" em termos de equipe, acrescentou. O Banco Mundial também vai reduzir algumas taxas de juros cobradas pelos empréstimos e revisar seus regulamentos internos a fim de aumentar a sua capacidade de atender os mercados internacionais.
A organização de combate à pobreza Oxfam elogiou a injeção de recursos, mas pediu uma fiscalização social e ambiental maior para tais empréstimos.
"Mais dinheiro para o desenvolvimento é bom, mas a qualidade do empréstimo do Banco Mundial precisa melhorar", disse o diretor da Oxfam, Nicolas Mombrial.