Ela tomou como exemplo uma mulher, Dorine Poole, que perdeu seu emprego de processamento de reclamações médicas no início da crise de 2008 e, apesar de possuir experiência de trabalho, ainda não conseguiu encontrar uma vaga de tempo integral.
"Quando os empregadores começaram a contratar novamente, dois anos de desemprego se tornaram uma desqualificação", explicou Yellen, apontando para um problema comum do período pós-recessão.
Ela também citou outra mulher demitida de uma fábrica de impressão com muita experiência e que agora precisa trabalhar em período parcial servindo amostras de alimentos em um supermercado.
Para pessoas como ela, disse Yellen, "o mercado de trabalho é mais difícil agora do que em qualquer recessão".
"O número de pessoas que têm tentado encontrar trabalho por mais de seis meses ou mais de um ano é muito maior hoje do que jamais existiu, desde que os registros começaram, décadas atrás", ressaltou.
Em geral, afirmou, a economia continua muito aquém das metas de emprego sustentável e inflação estável do Fed.
Enquanto a inflação permanece extraordinariamente baixa e não é um problema, o mercado de trabalho, explicou Yellen, é um desafio.
Segundo a presidente do Fed, a maioria do comitê monetário da entidade situou a taxa ideal de pleno emprego entre 5,2% e 5,6%, muito abaixo dos 6,7% registrados em fevereiro.
Yellen também observou que, em razão da diminuição histórica do número de pessoas que têm ou que procuram ativamente um emprego - que é de 63%, contra 66% antes da recessão -, a taxa de desemprego de 6,7% pode "superestimar" os progressos realizados no mercado de trabalho.
Referindo-se a um debate atual entre economistas e formuladores de políticas, Yellen disse que alguns dos problemas na luta contra o desemprego são estruturais - muitos dos desempregados não têm as habilidades certas para a economia de hoje.
No entanto, se este fosse o principal problema, argumentou, seria principalmente uma questão de inflação e a política monetária do Fed para estimular a criação de empregos através de taxas de juros extremamente baixas não teria sido tão bem-sucedida quanto tem sido.
Além disso, segundo ela, a evidência de um nível elevado de pessoas em empregos de período parcial, um nível muito baixo de rotatividade entre os empregados, uma baixa taxa de participação no mercado de trabalho e um aumento extremamente pequeno dos salários, tudo aponta para uma fragilização cíclica e significativa no mercado de trabalho.