Jornal Correio Braziliense

Economia

Atraso nos estádios causará emoção 'no mal sentido', diz ministro

As empresas de telecomunicação terão que pagar para colocar a antena no estádio

O ministro das Telecomunicações, Paulo Bernardo, disse nesta quarta-feira (26/3) estar preocupado com os reflexos que o atraso nas obras dos estádios de Porto Alegre, São Paulo e Curitiba poderão causar para a instalação de equipamentos de telecomunicações durante a Copa do Mundo.

Ele diz acreditar, no entanto, que a Telebras, empresa responsável pela infraestrutura a ser usada na transmissão televisiva dos jogos, dará conta do desafio, ainda que o atraso resulte em ;uma situação emocionante, no mal sentido;. Já as empresas de telefonia móvel terão ainda que resolver problemas de cunho comercial com as administrações dos estádios, acrescentou.

;A informação recebida na segunda-feira (24/3) é que esses três são os estádios que têm maior atraso;, informou o ministro na Câmara dos Deputados, depois de audiência pública. ;A preocupação é a de todo mundo: as obras [dos estádios] atrasaram muito, e precisamos colocar infraestrutura de telecomunicações, o que normalmente é colocado depois que o estádio está pronto. E o estádio em Curitiba (PR) só estará pronto no dia 15 de maio. Quer dizer: teremos apenas um mês de prazo para instalar [o equipamento]. Mas já estamos negociando [na busca por uma solução];, adiantou.



Paulo Bernardo explica que em cada estádio será necessário disponibilizar uma sala para os equipamentos da Telebras. ;Teremos também de instalar dois anéis de fibra ótica redundantes, para o caso de, se houver dano a um dos anéis, o outro funcionar;, disse ele, demonstrando ainda certa confiança. ;Vai ser feito que nem na Copa das Confederações. Na época, teve instalação de fibras que só terminou uma semana antes do jogo, com certeza causando uma tensão; um estresse. Mas não vai ter problema nenhum, porque a Telebras sabe que isso é obrigação;.

Já no caso das empresas de telecomunicações há um problema a mais, disse ele. ;Tem uma briga sobre quanto a empresa terá que pagar para colocar a antena no estádio. E tudo isso vira um problema comercial;. Paulo Bernardo diz suspeitar de que essas questões comerciais sejam o real motivo de o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) ter feito declarações sobre o risco de haver demora ou mal funcionamento da internet nos estádios, caso não consigam instalar antenas e wifi (serviço de acesso à internet sem fio).

;Acho que eles não deviam nem ficar falando essas coisas, porque isso já acontece em aeroportos e também em outras áreas da cidade. O SindiTelebrasil precisa fazer o esforço dele para instalar o equipamento e dar conta [do que lhe cabe]. Essas declarações ajudam a tornar a situação mais emocionante, mas não ajudam a resolver o problema das telecomunicações;, argumentou.

Paulo Bernardo reiterou que o desafio do país para com as telecomunicações não está restrito aos jogos da Copa. ;Não estamos fazendo um serviço só para a Copa do Mundo;, disse. ;Precisamos resolver o problema das telecomunicações e melhorar a qualidade delas para o Brasil. A Copa será apenas durante um mês. Acabou a Copa, vamos continuar vivendo aqui, e o brasileiro quer um serviço de boa qualidade;, disse ao lembrar que as concessões para telefonia de quarta geração (4G) terão prazo de 15 anos.

O ministro disse, ainda, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já finalizou uma regulamentação que permitirá, aos estangeiros que vierem ao Brasil para os jogos, a habilitação de celulares sem a necessidade de apresentação de CPF. "Bastará apresenta o passaporte", disse o ministro.