Com o receio de anunciar, em pleno ano eleitoral, medidas que possam ser associadas a um impopular racionamento de energia elétrica, o governo vai esperar até maio para reagir à crise da oferta. Após duas reuniões no Palácio do Alvorada com autoridades do setor, na semana passada e na quinta-feira (6/3), a presidente Dilma Rousseff decidiu apostar todas as fichas no cenário mais otimista para as chuvas nos meses de março e abril, projetado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Isso tudo apesar de as primeiras semanas do período chuvoso ainda não terem resultado em melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas. Nada foi anunciado ontem.
[SAIBAMAIS]A avaliação de Dilma é que, se São Pedro cooperar, o risco de cortes no abastecimento estariam praticamente afastados, dando mais tempo para se equacionar a disparada do custo da eletricidade, afetado pelo acionamento de usinas térmicas, de geração bem mais cara. A conta já chega a R$ 2,5 bilhões mensais. Nesse meio tempo, a ordem é unificar o discurso de normalidade, para evitar qualquer sinalização de ameaça no fornecimento, mesmo um simples pedido à população para conter o consumo para aliviar o sistema. Também continuam os esforços dos últimos dias no sentido de agilizar o acréscimo de mais energia e encurtar interrupções na atividade de usinas.
Foi dentro desse apertado espaço de manobra que o Ministério das Minas e Energia (MME) autorizou esta semana a operação temporária da termelétrica a gás Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que deve permanecer ligada por dois meses para compensar o estresse hidrelétrico. A usina vai gerar em caráter excepcional 250 megawatts (MW) nos meses de março e abril, a exemplo do ocorrido em fevereiro e março do ano passado. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico(CMSE) havia recomendado o emprego dessa unidade geradora apenas em casos extremos. O ONS admite risco de faltar energia em 5,7%, acima dos 5% perseguidos pelo governo.
; Reforço extra
Enquanto torce para que as chuvas dos próximos dois meses reabasteça os reservatórios de hidrelétricas, o governo corre para colocar em operação, até o fim de abril, usinas que podem ajudar a evitar o racionamento. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) projeta o início da atividade neste ano até o fim do mês que vem de 3,8 mil megawatts (MW), gerados em diversas fontes, incluindo turbinas das grandes usinas do Rio Madeira (RO), Santo Antônio e Jirau, afetadas pelas recentes cheias. O reforço de 11,2 mil MW de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), só deve chegar em 2015.
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