Os dedos estão cruzados no Palácio do Planalto. Assessores da presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição em outubro, não escondem o temor de que, na próxima quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dê uma sentença devastadora ao governo: a de que o país mergulhou em uma recessão técnica no fim de 2013, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, depois de um encolhimento de 0,5% entre julho e setembro. Diante de tal ameaça, tanto Dilma quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estão se fiando na projeção de parte do mercado financeiro, de que o país escapou do pior ao avançar 0,2% de outubro a dezembro. Integrantes da equipe econômica não descartam, porém, um tombo de 0,1%.
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O sinal de alerta do Planalto acendeu depois de o Banco Central afirmar que, pelas contas dele, o Brasil entrou em recessão. O aviso só agravou o pessimismo de empresários e consumidores quanto ao modo como o governo vem conduzindo o país. Além de a atividade estar fraca, a inflação se mantém persistentemente alta, os juros subiram, encarecendo e escasseando o crédito, e o mercado de trabalho já não mostra o vigor de anos atrás. Não à toa, a popularidade da presidente Dilma está em queda. A mais recente pesquisa eleitoral do Ibope mostra que a aprovação da administração petista recuou de 43% para 39%, renovando os ânimos da oposição.
O quarto trimestre, tradicionalmente o mais forte do ano, era visto pelo governo e por especialistas como um marco da virada da economia. Mas, em vez de aceleração do crescimento, o que se constatou foi um forte encolhimento no ritmo de expansão. Na verdade, há quase uma estagnação da atividade. Dois dos principais motores do PIB, a indústria e o varejo, fraquejaram no fim do ano passado. Apenas em dezembro último, a produção nas fábricas encolheu 3,5% e o varejo recuou 0,2%. A alta dos juros básicos (Selic), de 7,25% ao ano, em abril de 2013, para 10,5% em janeiro deste ano, sem derrubar a inflação, só piora esse quadro. As famílias, superendividadas, compram cada vez menos. Sem perspectivas de aumento futuro das vendas, o empresariado mantém os investimentos congelados.
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