Rio de Janeiro - O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), avaliou nesta sexta-feira (10/1) que as variáveis que se destacaram no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013 não surpreenderam, ;porque a gente esperava mesmo uma alta da gasolina e das passagens aéreas. Mas a magnitude veio um pouquinho acima do que a gente estimava;.
A inflação de 5,91% em 2013, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um pouco maior do que a expectativa do mercado, que girava em torno de 5,74%, e superou a do ano passado (5,84%).
Para o economista, o resultado do IPCA de 2013 não muda muito a realidade deste ano. Ele disse que a taxa do ano passado poderia ter sido maior se não fosse o bom comportamento dos preços monitorados, que subiram 1,6%, em média. ;Como existe uma agenda de reajustes para 2014, é provável que a taxa não se repita ao longo deste ano;. Isso sinaliza que a participação dos preços administrados na inflação vai subir.
Em relação aos preços livres, que tiveram expansão próxima de 9% em 2013, Braz prevê que não deverá ocorrer uma mudança abrupta de patamar. ;Em 2014, vai continuar exercendo influência no IPCA;.
O economista da FGV avaliou que o fiel da balança neste ano vai ser o grupo alimentação. ;É a classe de despesa com maior potencial de desaceleração;. A taxa superou 8% e ficou um pouco menor que em 2012. ;Mas eu acho que em 2014 há chance de cair um pouco mais. As previsões de safra são mais otimistas e isso deve ajudar a conter avanços de preços;.
André Braz salientou a questão do câmbio, que pode reter um pouco do potencial de desaceleração do grupo alimentação. Explicou que novas desvalorizações cambiais tornam alguns grãos mais caros, como o trigo, por exemplo, e isso tem repasse certo para os produtos ao consumidor. Por isso, disse que ;2014 não vai ser um ano tão fácil e pode ser, até, que a inflação venha acima da registrada no ano passado;.
Na estimativa de André Braz, a inflação de 2014 pode fechar próxima de 6% ou ficar um pouco acima desse índice. Reiterou, porém, que isso vai depender da trajetória dos preços monitorados, como passagem de ônibus e gasolina, em especial, porque são preços controlados, mas que não têm uma regra explícita que permita antecipar contribuição para a inflação.