Bruxelas - O desemprego na zona do euro continuou próximo de níveis recorde em novembro, a 12,1%, mas há sinais de que os tempos ruins estão ficando para trás enquanto a crise da dívida recua, disseram analistas na quarta-feira (8/1).
Segundo eles, outros dados, principalmente uma forte melhora das vendas no varejo, sugerem que a economia pode estar retomando seu rumo novamente, embora o progresso ainda continue sendo lento.
A taxa de desemprego na zona do euro foi de 12,1% em novembro, inalterada em relação a outubro, enquanto as vendas no varejo subiram 1,4% em volume, mais do que revertendo uma queda de 0,4% em outubro, disse a agência de estatísticas Eurostat.
Em novembro, 19,24 milhões de pessoas estavam desempregadas na zona do euro, 4.000 desempregados a mais que em outubro e 452 mil a mais em relação a novembro de 2012, com a recessão causada pela crise da dívida.
O desemprego na zona do euro atingiu recorde de 12,2% em setembro, mas esses dados foram posteriormente revisados a 12,1%.
Os números do desemprego mostram que a "crise do mercado de trabalho está começando a se atenuar", disse James Howat da Capital Economics.
"Embora o desemprego tenha subido levemente (4.000), reverteu parcialmente a grande queda de outubro", disse Howat.
"Olhando mais adiante, pesquisas que medem as intenções de emprego sugerem que o emprego da zona do euro pode começar a aumentar novamente nos próximos trimestres, embora em ritmo lento".
Howat disse que as vendas no varejo superam facilmente as previsões de alta, em novembro, de 0,3%, atingindo a maior taxa desde o começo de 2011.
Esta é uma evidência de que a "pressão sobre as famílias está diminuindo lentamente," disse ele. "A perspectiva está começando a melhorar um pouco para os consumidores da zona do euro".
Melhora no desemprego após recuperação
Christian Schulz do Berenberg Bank disse que os números do desemprego, normalmente, demoram seis meses para acompanhar as melhoras e o último relatório aponta para um progresso gradual.
"A modesta recuperação da zona do euro, que começou na primavera de 2013, está ajudando gradualmente a estabilizar o mercado de trabalho", disse Schulz.
Ele descreveu os dados como "geralmente estáveis", enquanto os dados das vendas do varejo, depois de duas quedas mensais, trouxeram "as séries de volta a sua tendência estável".
Contudo, o desemprego "permanece extremamente alto na maioria dos países", disse Schulz e, embora as reformas no mercado de trabalho possam ajudar, vai "demorar muito tempo para voltar a condições mais normais do mercado de trabalho".
[SAIBAMAIS]Nos 28 membros da União Europeia, a taxa de desemprego também ficou estável, a 10,9%, mas os números do desemprego subiram em 19 mil a 26,55 milhões em novembro e tiveram alta de 278 mil, comparado a um ano atrás, disse a Eurostat.
As menores taxas de desemprego foram as da Áustria, com 4,8% e a Alemanha, com 5,2%.
A Grécia, resgatada duas vezes, registrou a taxa mais alta a 27,4%, com base nos dados disponíveis de setembro, seguida pela Espanha com 26,7%.
Os dados nos últimos meses têm sido, em geral, mais fracos que o esperado, aumentando os temores de que a recuperação poderia ser interrompida.
A zona do euro saiu de uma recessão de 18 meses no segundo trimestre com crescimento de 0,3%, mas então teve um ganho de apenas 0,1% no terceiro.
Marie Diron, conselheira sênior da EY Eurozone Forecast, disse que era positivo que os números do desemprego pararam de subir.
"Mas acreditamos que vai demorar para vermos uma queda do desemprego", especialmente, com o modesto crescimento esperado da economia de menos de 1% este ano, disse Diron.
"Acreditamos que o desemprego se estabilize durante a maior parte de 2014 e comece a cair apenas em 2015".