Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entregam nesta segunda-feira (16/12) ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, uma proposta para que a obrigatoriedade de que 100% dos veículos saiam de fábrica com air bags e freios ABS seja postergada para 2016. Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) preveem que essas medidas de segurança devem vigorar a partir de 1; de janeiro de 2014.
;A legislação estabelece que, em 2010, 10% dos veículos teriam de sair das fábricas já com ABS e air bags. Em 2011, esse percentual passou para 30%, em 2013 para 60%, e que em 2014 100% estariam de estar adaptados;, disse à Agência Brasil o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. A ideia, segundo o sindicalista, é criar ;mais uma etapa de gradualismo;, uma vez que o mercado ainda não se ajustou totalmente à legislação. Dessa forma, ajudar as montadoras a terem mais tempo para negociar novos investimentos e evitar demissões.
;O que vamos propor ao ministro Mantega é que, em 2014 e 2015, 90% dos veículos saiam das fábricas equipados com esses aparatos de segurança, e que só a partir de 2016 a medida seja estendida a todos;, destacou Marques.
De acordo com o sindicato, um dos reflexos da medida ser a adotada em sua totalidade já em 2014 seria a saída de linha de alguns veículos, como a Kombi e o Uno Mille. ;Se a Kombi sair de linha, coloca em risco o emprego de cerca de 4 mil trabalhadores: 950 na Volkswagen e 3.050 nas empresas fornecedoras de autopeças. No mínimo metade será demitida;, declarou o sindicalista.
Ainda segundo Marques, o número de empregos não seria compensado pelas novas frentes de trabalho, voltadas à fabricação, comercialização e instalação de air bags e freios ABS. ;Por ser muito mecanizada e robotizada, uma fábrica de air bags gera apenas 20 empregos. É um número muito inferior ao de empregados usados na fabricação desses veículos que sairão de linha;, explicou.
Leia mais notícias em Economia
;Não queremos tirar de cena a segurança dos veículos. Mas não podemos assistir essas demissões calados, até poque os carros hoje têm um grau de segurança muito maior do que os de cinco anos atrás;, acrescentou. Ele disse já ter exposto esse ponto de vista à presidenta Dilma Rousseff no último dia 4, quando ela participou do evento de entrega do título de doutor honoris causa ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo.
;Já havíamos conversado com o ministro [Fernando] Pimentel [do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior]. Foi por meio dele que a questão chegou na Presidência. Soubemos que, a princípio, a reação da presidenta não foi boa, e que ela teria dito que não aprovava a ideia. Mas ao explicarmos os impactos que isso causaria nos empregos, ela ficou sensível à ideia e pediu ao ministro Mantega para construir uma alternativa;, informou Marques.
No último dia 11, Mantega disse estar estudando a possibilidade de postergar a medida, e que se reuniria esta semana com representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) para discutir o assunto. Na oportunidade, o ministro manifestou sua preocupação ;com o impacto sobre o preço do carro, pois elevaria o valor de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil;.
Órgão máximo normativo, consultivo e coordenador da política nacional de trânsito, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é vinculado ao Ministério das Cidades. Contatado pela Agência Brasil, o ministério informou que a Fazenda não tem competência para postergar a aplicação das resoluções, mas que pode apresentar a sugestão ao conselho, que pode acatá-la. Outra forma de diar a entrada em vigor das resoluções seria por meio da Justiça.