Quito - A estabilidade econômica do Equador poderia ser afetada seriamente se uma corte internacional obrigar o país a pagar US$ 9,5 bilhões em um julgamento apresentado pela petroleira americana Chevron, informou o governo equatoriano nesta segunda-feira.
"Este seria um custo muito difícil de cobrir para nosso governo e poderia afetar seriamente a estabilidade econômica do país", afirmou o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, durante encontro com jovens de esquerda de vários países em Quito.
O Equador e a Chevron travam uma dura batalha legal após a decisão da justiça equatoriana de impor à companhia americana o pagamento de uma indenização de US$ 9,5 bilhões por uma contaminação na Amazônia atribuída à empresa Texaco, de propriedade da Chevron.
O valor equivale a quase 30% do orçamento do país em 2013.
A multinacional, que denunciou graves irregularidades durante o processo com o Equador, busca que uma corte de arbitragem em Haia obrigue o Equador a assumir a indenização por considerar que os danos foram causados pela estatal Petroecuador.
Esta empresa trabalhou em consórcio com a Texaco durante parte dos 26 anos em que a americana operou no país (1964-1990).
"A luta é muito desigual, (mas) nós não vamos nos render, nós não nos dobrar, nunca pensem que isto vai acontecer", disse Patiño, ao reiterar a negativa do governo a um possível acordo extrajudicial com a petroleira.
A ação que a Chevron perdeu no Equador - cuja última sentença foi proferida em 12 de novembro - foi impetrada por indígenas e colonos amazônicos, mas o Estado se envolveu após a demanda de arbitragem que a petroleira apresentou em 2009.
Em setembro, o governo de Rafael Correa fez uma campanha midiática para denunciar os danos ecológicos atribuídos à Texaco e à tentativa da Chevron de atribuir ao país a responsabilidade pelo pagamento da indenização.
O chanceler Patiño pediu nesta segunda-feira a solidariedade dos cidadãos do mundo em sua campanha contra a Chevron e reiterou a eles o convite para boicotar a empresa, abstendo-se de comprar seus produtos.
"Apenas uma campanha mundial de solidariedade com o Equador poderia fazer com que esta luta possa terminar com a vitória do nosso país", declarou o ministro.
A Chevron, que acusa o governo Correa de ter interferido indevidamente no caso, garante ter cumprido a reparação ambiental que lhe correspondia e que a prova disso é um documento firmado com autoridades da época, que eximiram a Texaco de qualquer responsabilidade posterior à sua saída do país.