Jornal Correio Braziliense

Economia

OMC realiza últimas negociações para tentar salvar acordo em Bali

A Índia enfrentou fortes pressões para fazer concessões sobre o tema da segurança alimentar e desbloquear uma acordo que permita manter vivas as negociações de abertura multilateral dos mercados da OMC

Nusa Dua - As últimas negociações prosseguiam nesta sexta-feira (6/12) para tentar chegar a um acordo que salve a Rodada de Doha e a própria razão de ser da Organização Mundial do Comércio (OMC), na reunião ministerial de Bali. "O dia vai ser longo", advertiu Keith Rockwell, porta-voz do diretor da OMC, que não descarta um prolongamento do encontro, inclusive até o sábado (7/12).



Contudo, Anand Sharma rejeitou este compromisso, porque prefere que essa isenção esteja em vigor "até que seja encontrada uma solução permanente" para o assunto e não só por quatro anos. A posição indiana bloqueia um acordo sobre o "pacote de Bali" que deve ser adotado por unanimidade. Este conjunto de medidas, muito reduzidas, é apresentado como um instrumento para reativar as negociações sobre a liberalização do comércio mundial, paralisadas praticamente desde seu lançamento em 2001 em Doha, capital do Qatar.

Um novo fracasso em Bali se somaria aos de reuniões ministeriais e ameaçaria inclusive o futuro da OMC, como destacam vários participantes. "Não viemos aqui para provocar a queda de uma organização", afirmou, contudo, o ministro indiano. Contudo, "vale mais não chegar a um acordo que ter um acordo ruim", disse.

Um acordo depende de os Estados Unidos estejam dispostos a fazer uma nova concessão, mas os observadores destacam que Washington já cedeu muito: foram eles que propuseram a "cláusula de paz" rejeitada pela Índia. O presidente da reunião, o ministro indonésio Gita Wirjawan, expressou um "prudente otimismo" e afirmou que chegar a um acordo "não é uma missão impossível". "Os Estados Unidos compreendem a posição da Índia, mas querem saber como pode ser formulada" em um acordo, explicou Wirjawan, aludindo à possibilidade de um arranjo em torno de uma "cláusula de paz" de quatro anos.