Jornal Correio Braziliense

Economia

Economia dos Estados Unidos cresce 3,6% no terceiro trimestre

Os estoques levaram à alta do terceiro trimestre, acrescentando 1,7 ponto percentual ao produto interno bruto

A economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anual de 3,6% no terceiro trimestre, bem mais que a estimativa inicial, disse o Departamento de Comércio nesta quinta-feira (5/12). O Departamento revisou para cima sua primeira estimativa anual de crescimento de 2,8% para o trimestre de julho a setembro.

A maioria dos analistas esperava uma revisão mais modesta, a 3%, para o terceiro trimestre, depois de 2,5% de crescimento no segundo trimestre.

Alguns analistas esperam uma forte queda no quarto trimestre depois de 16 dias de fechamento parcial do governo em outubro, depois de um impasse orçamentário que fez milhares de funcionários públicos entrarem de licença não-remunerada.

Os estoques levaram à alta do terceiro trimestre, acrescentando 1,7 ponto percentual ao produto interno bruto. Já as altas nas vendas finais - PIB menos os estoques - caíram 1,9%, de 2,1% no segundo trimestre.



O PIB do terceiro trimestre foi o de mais rápido crescimento desde os 3,7% no primeiro trimestre de 2012. Ano a ano, a economia cresceu apenas 1,8% em relação ao terceiro trimestre de 2012.

Analistas apontaram que o dado do crescimento mascarou alguns pontos fracos, incluindo revisões para baixo do setor imobiliário e nos gastos dos consumidores, que correspondem a dois terços da atividade econômica dos EUA.

"Infelizmente, toda a revisão, mais um pouco, foi no componente dos estoques, enquanto as vendas finais foram revisadas para baixo a 1,9%", disse Ian Shepherdson da Pantheon Economics.

"Sabemos que o trimestre atual começou com uma base mais fraca", acrescentou Jennifer Lee da BMO Capital Markets.

O ritmo de acúmulo dos estoques é insustentável e terá que desacelerar nos próximos trimestres, mas, provavelmente, serão compensados por vendas finais mais fortes, disse Jim O;Sullivan da High Frequency Economics.

Contudo, O;Sullivan disse que não há sinal nas pesquisas do ISM ou dados do emprego de qualquer desaceleração significativa no crescimento total no quarto trimestre.

"Acreditamos que o PIB foi subestimado, pelo menos antes do terceiro trimestre", disse ele.

O relatório foi publicado em um momento em que o Federal Reserve pondera se a economia é forte o suficiente para permitir que o banco reduza as taxas de longo prazo e os estímulos ao crescimento.

O banco central analisará seu programa de compra de títulos mensal de US85 bilhões em sua reunião de 17 e 18 de dezembro.

Os principais fatores para a decisão do Fed para a redução serão uma significativa melhora no mercado de trabalho e uma inflação controlada.

A divulgação dos dados do PIB foi feita um dia antes do relatório de empregos de novembro pelo Departamento de Trabalho. Analistas esperam, em média, que o crescimento dos empregos caia a 188 mil a 204 mil em outubro e a taxa de desemprego caia a 7,2%.

O relatório do Departamento de Comércio mostrou uma alta da inflação no segundo trimestre, mas ainda na zona de conforto do Fed.

O índice de preços do consumo pessoal subiu 2% no terceiro trimestre, de acordo com a meta do Fed. O índice, excluindo alimentos e o preços de energia, subiu apenas 1,5%.

Mesmo que o quarto trimestre seja mais lento, os analistas preveem uma recuperação em 2014.

"O fechamento parcial do governo e o impasse político sobre o teto da dívida do Tesouro prejudicaram a economia, mas, no quarto trimestre, não no terceiro. O impacto para o PIB do quarto trimestre é estimado em US$20 bilhões, meio ponto percentual de crescimento", disse Scott Hoyt da Moody;s Analytics.

"Para o crescimento acelerar como o previsto no próximo ano, os legisladores não devem gerar prejuízos nas próximas rodadas de negociações do orçamento e o Federal Reserve deve aumentar as taxas de juros se o mercado de trabalho melhorar. Isso é factível e, portanto, o cenário mais provável, mas as ameaças para as perspectivas são claras".