Os servidores públicos já devem R$ 135,2 bilhões aos bancos por meio de empréstimos consignados, volume 7,5 vezes maior que os débitos de trabalhadores da iniciativa privada, segundo o Banco Central. O montante é duas vezes superior à fatura de R$ 65,7 bilhões que os beneficiários da Previdência têm pendurada com as instituições financeiras, na mesma modalidade de crédito. No acumulado do ano, os recursos a serem descontados na folha de pagamento do setor público cresceram 16,5%, acima dos 12% do total geral das operações.
Os dados surpreendem, uma vez que a soma de servidores estatutários e militares no país, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chega a 6,9 milhões de pessoas ante 46,6 milhões de trabalhadores do setor privado e 27,7 milhões de segurados da Previdência. Dois fatores ajudam a explicar o forte endividamento do funcionalismo público: a estabilidade no emprego e o salário maior. Em setembro, a renda média dos servidores foi de R$ 3,2 mil, 84,5% acima da registrada entre os profissionais do setor privado com carteira assinada, de R$ 1,7 mil.
Supervisionados pelo Ministério do Planejamento, os empréstimos consignados do funcionalismo federal têm limite legal de comprometimento da renda de, no máximo, 30%. As dívidas podem ser pagas em até 60 parcelas. O problema, ressaltaram técnicos do Banco Central, é que boa parte dos servidores, além do consignado, acumula débitos pesados no cartão de crédito e está atolada no cheque especial, que tem as maiores taxas de juros do mercado, de 10% ao mês, em média. Também há muitos pagando prestações de carros e da casa própria.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, com as características diferenciadas do funcionalismo, que reduzem os riscos de calotes, os bancos se sentem mais confortáveis em emprestar para esse público. Soma-se a isso o fato de os brasileiros estarem cada vez mais informados sobre o custo do crédito, o que os leva a buscar linhas de financiamento com taxas mais baixas. Na média, os juros dos empréstimos com desconto em folha para o funcionalismo estão 22,4% ao ano, contra 88,1% anuais do crédito pessoal normal e 144,5% do cheque especial. ;Percebemos que o crédito com menor custo ganha mais espaço em detrimento do mais caro;, afirma. Uma boa notícia.
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