Contudo, essas negociações tropeçaram, nos últimos anos, em inúmeras divergências, principalmente entre os países ricos que reivindicam mais acesso para os bens industriais e de serviços nos mercados emergentes, que exigem maior acesso para seus produtos agrícolas. "Temos 10 textos na mesa relativos aos três setores negociados, ou seja, a facilitação do comércio, o comércio e a agricultura", disse Azevêdo.
As negociações avançaram, mas nos últimos dias "a flexibilidade evaporou", lamentou o diretor geral da OMC. Dos três assuntos debatidos para Bali, o da facilitação do comércio "era o mais promissor", segundo Arancha González, diretora do Centro de comércio internacional em Genebra. Segundo cifras da OCDE um acordo para simplificar os trâmites alfandegários poderia diminuir em 10% os custos das trocas comerciais planetárias, o que representa uma quantia de cerca de 400 bilhões de dólares.
A coalizão B20, a patronal internacional com sede em Paris, também pediu na terça-feira que fosse obtido um acordo sobre a facilitação do comércio em Bali. Tal acordo permitiria lucros de um trilhão de dólares em termos de crescimento e a criação de 20,6 milhões de empregos. As exportações dos países em desenvolvimento poderiam aumentar em US$570 bilhões e as dos países desenvolvidos em US$475 bilhões, segundo um estudo do instituto Peterson.
A falta de consenso em Bali não foi produto de "uma divisão Norte-Sul" explicou o diretor geral da OMC e disse que as causas das dissensões são mais complexas. Agora, a OMC transmitirá os textos que não resultaram em consenso aos ministros reunidos em Bali, que deverão encontrar uma solução. Pouco depois de assumir seu cargo, Azevêdo - primeiro diretor latino-americano na história da OMC - afirmou que a conferência ministerial de Bali era "uma prioridade para nós", apesar de já admitir então: "Não posso fazer previsões sobre os resultados".