Cresce a pressão do governo contra os poupadores para salvar os bancos de uma fatura que pode chegar a R$ 150 bilhões. O Palácio do Planalto e o sistema financeiro pretendem reunir aliados improváveis antes do início do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima quarta-feira (27/11), que definirá se os planos Bresser, Verão e Collor I e II, lesaram depositantes. Uma carta assinada por ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central - parte deles de linha política completamente oposta - deve ser entregue ao STF esta semana. O documento tentará expor supostos riscos à economia brasileira, caso a conta seja paga. Os advogados dos clientes, no entanto, acusam os banqueiros de fazer terrorismo com a Corte Suprema para tentar influenciar a decisão.
Os poupadores argumentam ainda que os bancos, por terem dado aos clientes uma rentabilidade menor que a inflação na época dos planos, lucraram alto. Um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) reforça essa tese e diz que, entre a implementação do plano Bresser e setembro de 2008, as instituições faturaram R$ 441,7 bilhões. ;Esse lucro se deu em detrimento dos poupadores. Os tribunais reconhecem isso há mais de duas décadas;, diz Luiz Fernando Pereira, um dos advogados dos depositantes. Os juristas e técnicos do governo negam esse ganho. Segundo eles, os planos econômicos derrubaram o rendimento dos bancos.
Disputa
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que defende os depositantes, garante que os bancos e o governo estão exagerando valores e a possibilidade de danos ao sistema financeiro e à economia. Nos cálculos da entidade, a fatura é de R$ 18,2 bilhões, dinheiro que já estaria provisionado. Isaac Sidney Ferreira, procurador-geral do Banco Central, diz que essa estimativa é irreal e que, em 2008, quando o Ministério da Fazenda fez um cálculo de R$ 105 bilhões, o Idec reconhecia um impacto apenas um pouco menor, de R$ 102 bilhões.
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