Jornal Correio Braziliense

Economia

Com entrega de propostas, começa hoje o processo de concessão de Confins

O leilão está marcado para sexta-feira (22/11). Vantagens e desvantagens estão em jogo

É dada a largada para o leilão do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Hoje os interessados na operação do terminal entregam os envelopes com as propostas para a disputa na sexta-feira. Por três décadas, um grupo empresarial será responsável pelo desenvolvimento do complexo aeroportuário. Pela frente, a iniciativa privada terá que considerar alguns obstáculos que tornam o processo de operação menos atrativo. O alto investimento exigido nos primeiros anos de contrato e o chamado risco Pampulha são dois dos pontos-chaves da licitação, que, inclusive, podem ser fatores responsáveis por um temido fracasso do leilão, o que os governos federal e estadual rechaçam, dizendo haver sim empresas interessadas. Nem só situações problemáticas devem ser consideradas pelos investidores. O projeto de fazer do aeroporto um eixo para desenvolver a Grande BH é favorável, principalmente se considerado que desapropriações foram feitas ao redor do sítio aeroportuário para facilitar sua expansão.



Experiência do operador


O fato de a empresa selecionada para operar Confins obrigatoriamente ter experiência em aeroportos internacionais com movimentação superior a 12 milhões de passageiros deve atrair uma companhia de grande porte. Isso possibilita a operadora aplicar seu know-how no terminal mineiro. A regra foi estabelecida devido aos operadores selecionados pela Anac para atuar em Guarulhos, Viracopos e Brasília.

- Contra:

Concorrência entre aeroportos

Por se tratar da capital da terceira economia do país, Belo Horizonte acaba por ter maior dificuldade para atrair voos internacionais no comparativo com São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, Guarulhos, Viracopos e Galeão podem ser pedras no sapato para Confins. Somente o movimento internacional de Guarulhos ultrapassa o total de viajantes de Confins; considerando o comparativo com o aeroporto carioca, o fluxo é mais que 10 vezes maior. Até mesmo Porto Alegre, devido à proximidade com países do Cone Sul, tem maior demanda internacional.

Restrição aos operadores de Guarulhos, Brasília e Viracopos

Pelas regras definidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as empresas selecionadas para operar os três aeroportos concedidos no ano passado poderão ter participação máxima de 15% no consórcio. A restrição tem como função aumentar a concorrência entre os aeroportos nacionais durante a vigência da concessão, mas, no leilão, pode significar disputa menor.


Investimento exigido a curto prazo

Até o sexto ano de operação, três obras de grande porte devem ser feitas no aeroporto: a construção do segundo terminal com 14 pontes de embarque e estacionamento de veículos (até abril de 2016); a ampliação do pátio de aeronaves (até abril de 2016) e a construção da segunda pista independente (até 2020). As intervenções obrigam o consórcio a fazer forte desembolso logo nos primeiros anos de contrato, antes de ter conseguido obter retorno suficiente para o investimento, considerando ainda que o prazo é próximo do pagamento da outorga para a União. A pista é tida como a mais complexa, devido à necessidade de haver nivelamento com a pista existente, o que implica o aterramento de uma encosta na lateral.

Risco Pampulha

Nas audiências públicas para discutir o edital de concessão, uma das principais preocupações das empresas foi quanto à concorrência do Aeroporto da Pampulha. Desde 2006, o aeroporto opera com restrição a aeronaves de grande porte, o que limita o fluxo do terminal. Mas, caso a Anac revogue a resolução que impõe a restrição, o aeroporto pode voltar a aumentar a movimentação. De forma a dar garantia aos interessados, o governo de Minas inclusive apresentou prévia do estudo elaborado por uma consultoria que coloca a Pampulha na rota da aviação regional e executiva.

Distância

Por estar localizado a 40 quilômetros do Hipercentro de Belo Horizonte, o passageiro gasta, em média, uma hora para se deslocar até o terminal, de carro. A distância acaba por ser um complicador para o passageiro, principalmente se considerado a inexistência de transporte público. O governo de Minas inclusive estuda a construção de um monotrilho ou da reativação do sistema ferroviário com um ramal em direção ao aeroporto, mas, por enquanto, são apenas projetos.


Baixa arrecadação com passageiros internacionais


Atualmente, a receita média por passageiro de Confins é de US$ 3,40, enquanto a média internacional é de US$ 8,17, segundo estudo feito para basear o leilão. O número mostra o quão Confins está atrás de outros aeroportos. Isso impede a geração de receitas, afinal o passageiro de voos internacionais tem um gasto não-tarifário mais alto. Hoje são apenas quatro destinos sem escalas: Miami, Buenos Aires, Lisboa e Cidade do Panamá. Por outro lado, a obra de extensão da pista pode permitir aumento dos voos internacionais.