Bruxelas - A Comissão Europeia reduziu suas perspectivas de crescimento para a zona do euro em 2014, a 1,1% do PIB, levemente inferiores às anunciadas anteriormente (1,2%), mas destacou os "sinais cada vez mais importantes" de recuperação, que constituem um "ponto de virada".
Segundo as previsões de crescimento publicadas nesta terça-feira (5/11) pela Comissão Europeia, o bloco de 17 países de moeda única registrará um crescimento de 1,1% em 2014, uma cifra levemente inferior ao 1,2% projetado em maio.
Nesse ano, contudo, o PIB se contrairá 0,4%, sem mudanças em relação à previsão anterior. Em 2015, a expansão do PIB se acelerará para alcançar 1,7%, antecipou a Comissão. Para a Comissão, contudo, "há sinais cada vez mais consideráveis de que a economia europeia alcançou um ponto de virada", disse o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn.
"A consolidação fiscal e as reformas estruturais [...] criaram as bases desta recuperação", acrescentou. Ao apresentar as perspectivas em uma coletiva de imprensa Rehn disse que os "ajustes em curso continuarão pesando no crescimento por certo tempo", se referindo à desaceleração do crescimento econômico das economias emergentes.
A Alemanha, primeira economia do bloco, sustentará em 2014 esta recuperação econômica, com um PIB em expansão de 0,5% este ano, 1,7% em 2014 e 1,9% em 2015, segundo as previsões.
A França, segunda economia europeia, escaparia da recessão este ano, com um crescimento de 0,2%, e em 2014 registraria uma expansão de 0,9%, menor que a projetada anteriormente (1,1%). Em 2015 seria de 1,7%.
Para a Espanha, a Comissão reduziu a previsão do crescimento a 0,5% em 2014, em vez de 0,9%, e em 2015 chegaria a 1,7%. Este ano o conjunto da União Europeia, de 28 países, não registraria nenhum crescimento, em 2014 a expansão do PIB seria de 1,4% e em 2015, de 1,9%.
Um nível de desemprego inaceitável
"Contudo, é muito cedo para cantar vitória: o desemprego continua em um nível inaceitável", informou Rehn. A comissão prevê um desemprego de 12,2% da população ativa na zona do euro, uma cifra sem alterações em relação à projeção do ano anterior. A Comissão revisou para cima sua previsão de desemprego para 2014, situando-a em 12,2% (12,1% anteriormente). Só começaria a cair em 2015, segundo a Comissão, até 11,8%.
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Grécia e Espanha continuarão tendo a maior taxa de desemprego da zona do euro. Na Grécia, a cifra se mantém inalterada para 2013 em relação à projeção anterior (27%), apesar de em 2014 cair a 26% e em 2015, a 24%, segundo as previsões europeias.
Na Espanha, a taxa de desemprego projetada para 2013 seria de 26,6% frente a 27% anunciado antes. Em 2014, cairia levemente a 26,4%, segundo a Comissão e em 2015 cairia a 25,3%.
Rehn considerou "inaceitável" o nível de desemprego e disse que a Espanha precisa de uma combinação de crescimento a médio prazo com grandes reformas do modelo econômico e um bom funcionamento do mercado de trabalho, cuja reforma em 2012 "parece ter efeitos positivos".
Para o conjunto dos 28 membros da União Europeia o desemprego seria em 2013 de 11,1%, em 2014, de 11% e em 2015, de 10,7%.
Sanear as contas públicas
Bruxelas continua pregando o saneamento fiscal para sair da crise. "Devemos continuar modernizando a economia europeia", disse Rehn. A redução do déficit público, através de reformas drásticas e planos severos de ajuste fiscal, deve continuar. O déficit público dos 17 países da moeda única seria este ano de 3,1%, em 2014, passaria a 2,5% e em 2015 a 2,4%.
Contudo, as disparidades são consideráveis entre os 17 países. A Itália se manteria dentro dos critérios europeus, um déficit pelo menos igual ou inferior aos 3% do PIB, enquanto a Bélgica, que registrou em 2012 um déficit de 4%, conseguiria este ano um déficit de 2,8%.
Espanha e França, que em maio obtiveram uma prorrogação de mais dois anos da Comissão para alcançar seus objetivos, não conseguirão se aproximar dos critérios europeus.
O déficit público da Espanha será em 2013 de 6,8%, maior que os 6,5% projetados pela Comissão e esperado pelo governo espanhol. Em 2014, quando se previa um déficit de 7%, a Comissão anunciou um desajuste de 5,9%.
Em 2015, a Espanha se afastará definitivamente da perspectiva de cumprir os critérios europeus já que o déficit, segundo a Comissão alcançará 6,6%. A França também não alcançaria seu objetivo. Este ano teria um déficit de 4,1%, em 2014 de 3,8% e em 2015, de 3,7%. Nesses dois países a Comissão espera "sérias reformas econômicas", informou Rehn, que as considera "urgentes". O déficit para toda a UE seria de 3,5% em 2013, 2,7% em 2014 e 2,6% em 2015.