"A OGX Petróleo e Gás Participações S.A. anuncia que (...) concluiu as discussões com os detentores de seus títulos, porém nenhum acordo foi alcançado", informou a empresa em uma nota ao mercado na madrugada desta terça-feira, na semana na qual acaba o prazo de 30 dias para renegociar.
O fracasso foi anunciado após meses de negociações com detentores de seus títulos com vencimento em 2022 e 2018, acrescentou a companhia. Contatada pela AFP, uma porta-voz da empresa não quis comentar sobre um eventual pedido de proteção judicial, mas informou que esta semana a empresa deve anunciar seus próximos passos.
"Um cenário pessimista"
A OGX tem uma dívida estimada de 3,6 bilhões de dólares em títulos internacionais. Sua falência seria a maior de uma empresa na história da América Latina, segundo o jornal The Wall Street Journal. Analistas e mercados consideram que um fracasso das negociações pode levar a OGX a recorrer à legislação que concede proteção judicial para evitar a falência.
"É um cenário muito pessimista para a OGX", disse à AFP o economista Eduardo Velho, da Prosper Corretora. "Até agora, a expectativa do mercado é que a OGX peça a recuperação judicial" para evitar uma falência, acrescentou.
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A OGX recorreria a esta medida diante da falta de liquidez e da possibilidade de que os credores tomem medidas para proteger seu dinheiro, disseram analistas e a imprensa local.
As ações da OGX caíram 20,69% no fechamento da Bolsa de São Paulo a 0,23 real, os mesmos valores que registrou na abertura. A bolsa fechou com queda de 0,97% a 54.538 pontos, empurrada pelos papéis da petroleira.
A OGX anunciou, no dia 1; de outubro, que não pagaria no prazo uma dívida no valor de 45 milhões de dólares com seus credores internacionais. As parcelas venciam no dia 1; de outubro.
A empresa teria 30 dias para tentar uma negociação antes que seja declarado o vencimento antecipado de todo o passivo que expira em 2022, no valor de 1,06 bilhão de dólares.
Em dezembro, a empresa também deverá pagar 110 milhões de dólares em juros por títulos que expiram em 2018, de um total de 2,6 bilhões de dólares.
Promessas não-cumpridas
O ministro de Fazenda brasileiro, Guido Mantega, disse no começo de outubro que a OGX sofreu uma "hemorragia" que afetou negativamente a imagem do país e a Bolsa de São Paulo.
A OGX, fundada em 2007 e considerada durante anos a estrela do grupo de mineração e energia EBX de Eike Batista, começou a cair a níveis críticos após várias desilusões com o nível de produção de petróleo prometido. A companhia reduziu suas estimativas de produção e apontou que pode deixar de produzir petróleo em um de seus campos.
Batista, que chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo, ostentava uma fortuna de 30 bilhões de dólares há pouco mais de um ano e meio, que caiu a 900 milhões, segundo estimativas da revista Forbes.
Sua fortuna e seu império cresceram a par da expansão econômica do Brasil nos últimos anos, captando grandes investidores para seu projeto petroleiro baseado na descoberta de petróleo a grande profundidade sob o mar na costa do Brasil em 2007.
Contudo, em julho do ano passado, a OGX reduziu suas metas de produção e foi acusada de vender promessas em vez de petróleo, pressionada por resultados pelos investidores e pelo mercado. A Forbes declarou Batista como "o grande perdedor" do ano de 2012.