Apesar de avanços na inclusão social e do aumento de renda, o Brasil precisa prosseguir com reformas estruturais para crescer de forma sustentável no longo prazo. A avaliação é da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que divulgou nesta segunda-feira (22/10) relatório sobre a situação atual da economia brasileira e as perspectivas para os próximos anos.
Na sexta versão do Estudo Econômico do Brasil, a organização ; que reúne 34 países, a maioria deles desenvolvidos ; informou que o país precisa prosseguir com reformas que aumentem a produtividade. ;No curto prazo, o governo pode estimular o crescimento por meio de decisões orçamentárias e de juros, mas somente as questões estruturais serão capazes de manter o crescimento do Brasil no médio e no longo prazo;, disse o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría.
Entre os principais desafios a serem enfrentados pelo Brasil, Gurría destacou a melhoria da educação, o investimento em inovação e o estímulo à livre concorrência. Ele também citou a melhoria da regulação para estimular o crescimento e a necessidade de aumentar a flexibilidade nos mercados de trabalho e de produtos.
O secretário-geral da OCDE mencionou ainda a urgência em reformar o sistema tributário. Segundo ele, o país precisa aumentar a tributação sobre a propriedade e os empreendimentos e produtos que prejudiquem o meio ambiente e desonerar a produção e o investimento. ;Só com essas reformas, produziremos um sistema fiscal mais amigável ao crescimento, à produção e ao trabalho;, declarou.
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O relatório também recomendou que o Banco Central (BC) mantenha o aumento de juros para conter a inflação, apesar de o aperto da política monetária provocar a desaceleração da economia. O documento também sugeriu que os dirigentes do BC tenham mandato com prazo determinado e que somente os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) pronunciem-se sobre os juros.
Para Gurría, o Banco Central deve ser bem claro em relação à missão central, de manter o poder de compra da população. Na avaliação dele, a autoridade monetária não deve analisar os motivos que levam à alta de preços, mas aumentar os juros assim que a inflação aumenta. ;Não cabe ao Banco Central analisar as origens da inflação, mas aumentar os juros quando os preços sobem para passar uma mensagem de que vai combater as pressões inflacionárias;, explicou o secretário-geral da OCDE.
Segundo Gurría, as origens da inflação devem ser tratadas pelas demais políticas públicas, não pela autoridade monetária. ;Se há problemas na produção, na distribuição, de falta de concorrência ou de abertura comercial suficiente, isso não é problema do Banco Central. Os outros setores do governo devem atuar para combater os desequilíbrios e assegurar que a oferta seja compatível com a demanda e o consumidor tenha acesso a mais opções de bens e de serviços por menores preços e melhor qualidade;, declarou.