Jornal Correio Braziliense

Economia

FMI e BM se reúnem em contexto de desaceleração mundial

Abertura das reuniões será feita pelo presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, com coletivas de imprensa consecutivas na quinta-feira

Washington - O FMI e o Banco Mundial começam nessa quinta-feira (10/10) sua reunião em Washington, marcada pelos cortes nas projeções de crescimento mundial e a preocupação com a situação de bloqueio orçamentário e dívida nos Estados Unidos.

A abertura das reuniões será feita pelo presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, com coletivas de imprensa consecutivas na quinta-feira (10/10).

O FMI reduziu novamente suas estimativas de crescimento para a economia global a 2,9% (0,3 ponto percentual abaixo da projeção de julho) e alertou que "os riscos de queda persistem".

Ao mesmo tempo, a previsão para 2014 foi revisada para baixo em 0,2 ponto percentual a 3,6%. O Fundo também examina as futuras mudanças na situação financeira mundial com a eventual retirada da política de estímulos monetários dos Estados Unidos.

"O sistema financeiro global está atravessando uma série de transições no caminho para uma maior estabilidade financeira", informou o FMI em seu relatório financeiro publicado nesta quarta-feira. Segundo o texto, os países emergentes enfrentam situações externas mais voláteis e alguns deverão atender suas vulnerabilidades macro-econômicas.

"A zona do euro se move para um setor financeiro mais robusto e seguro, incluindo uma união monetária mais forte com uma estrutura comum para atenuar os riscos", acrescentou. Segundo o Fundo, a Europa manteria, em 2013, seus esforços para sair da recessão, e alcançar finalmente um crescimento de 1% no próximo ano.

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A novidade é a maior desaceleração dos países emergentes, visto no Fundo como um reflexo, ao mesmo tempo, de fatores cíclicos e de uma redução do crescimento potencial das economias. Segundo o FMI, o crescimento nos países em vias de desenvolvimento encerrará este ano em 4,5%, sensivelmente abaixo de 4,9% de 2012, e muito inferior a 6,2% de 2011.

Os ministros das Finanças do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem nesta quarta-feira paralelamente à assembleia e os das vinte principais economias (G20) farão o mesmo na sexta-feira. A América Latina mostrou que não é imune à crise global e acumula problemas internos que a faz fechar 2013 com um crescimento de 2,7%, também menor que o esperado.

Contudo, a região dispõe de um bom "sistema imunológico" macroeconômico que o permitirá absorver os choques externos melhor que nas últimas décadas, informou o Banco Mundial em seu relatório semestral divulgado na quarta-feira.

Os países, principalmente Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, poderão se apoiar em uma desvalorização monetária para impulsionar a produção interna, disse em coletiva de imprensa Arturo de la Torre, economista chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe. "Somos cautelosamente otimistas", afirmou.

A grande incerteza em todas as projeções do FMI é a paralisação do governo dos Estados Unidos e a aterradora perspectiva de que o país chegue ao ponto de um default seletivo sobre sua dívida.

O FMI trabalha sobre um cenário no qual a atual paralisia do governo será curta e o teto da dívida será elevado rapidamente. Contudo, esta crise sem precedentes desde 1996 está gerando uma crescente preocupação entre os mercados acionários mundiais e os governos estrangeiros.

Passada a data limite de 17 de outubro sem um aumento do teto de endividamento, atualmente de 16,7 trilhões de dólares, já superado em maio, os EUA não poderiam emitir títulos da dívida nem devolver dinheiro a alguns credores em função dos limites atuais dispostos pelo Congresso.

A reunião anual do FMI e o BM reúne a cada ano ministros de Finanças, presidentes de bancos centrais, líderes empresariais e acadêmicos para discutir o panorama econômico mundial, as receitas para erradicar a pobreza e fomentar o desenvolvimento.

A reunião é realizada durante dois anos consecutivos em Washington e a cada três anos acontece em outra cidade.