Jornal Correio Braziliense

Economia

BCE mantém taxa básica em mínimo histórico diante do frágil crescimento

O comitê de política monetária do BCE, com sede em Frankfurt, se reuniu excepcionalmente nesta quarta-feira em Paris

Paris - O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quarta-feira (2/10) sua taxa básica de juros inalterada, em seu mínimo histórico, e se declarou disposto a usar "todos os instrumentos" a sua disposição para apoiar a ainda frágil recuperação da zona do euro.

Como se esperava, o BCE manteve sua taxa básica de juros em 0,5% na zona do euro, um mínimo histórico desde o mês de maio.

O comitê de política monetária do BCE, com sede em Frankfurt, se reuniu excepcionalmente nesta quarta-feira em Paris. A instituição costuma transferir sua reunião mensal duas vezes ao ano a outra capital da união monetária, formada por 17 dos 28 países da União Europeia.

"Estamos dispostos a considerar todos os instrumentos a nossa disposição" para garantir liquidez e apoiar o crescimento, disse Mario Draghi, presidente do BCE, em coletiva de imprensa posterior à reunião.

Draghi acrescentou que manterá sua política de estímulo monetário "o tempo que for necessário". O presidente do BCE já tinha alertado em julho que as taxas do bloco, que acaba de sair da recessão, se manteriam baixas durante um longo período e poderiam até cair, em um contexto de conjuntura ainda incerta.

O BCE tem "a sua disposição uma ampla gama de instrumentos", entre eles "outro LTRO se for necessário", informou nesta quarta-feira, se referindo a linhas de crédito baratas e a longo prazo destinadas aos bancos.

Nos dois LTROs anteriores - em dezembro de 2011 e fevereiro 2012 - o BCE emprestou mais de um trilhão de euros, a taxa fixa e por três anos, a bancos da zona do euro. Grande parte desses empréstimos foram devolvidos.

"Não excluímos nenhuma opção" afirmou Draghi, após alertar que os riscos que espreitam a atividade econômica na zona do euro não desapareceram.



Uma leve melhora na zona do euro

Os analistas esperavam que o BCE mantivesse inalterada sua taxa básica de juros, apesar de um contexto de melhora dos indicadores econômicos na zona do euro.

Pela primeira vez em dois anos e meio, o desemprego caiu em julho no bloco, segundo cifras publicadas na terça-feira, apesar de 19 milhões de pessoas continuarem sem emprego na região.

Os especialistas consideram ainda mais frágil a recuperação na Europa, o que levou Draghi a renovar sua promessa feita em julho: manter as taxas a um nível baixo "o tempo que for necessário" e até reduzi-las ainda mais.

Contudo, segundo Michael Schubert, do banco Commerzbank, a instituição monetária de Frankfurt "quer evitar" que um excessivo otimismo conduza os mercados a antecipar uma alta das taxas de juros, o que "colocaria em perigo a recuperação" econômica, explica o analista.

Draghi sustentou na coletiva de imprensa que a paralisia orçamentária nos Estados Unidos é "um risco para os Estados Unidos e para o mundo se for prolongada".

"No momento não temos a impressão" de que vá ser o caso, acrescentou o presidente do BCE, em um momento em que o bloqueio orçamentário nos Estados Unidos leva a administração federal a um "shutdown", ou seja, à suspensão parcial de suas atividades.

Questionado sobre um eventual ;default; norte-americano, caso não haja acordo antes de 17 de outubro entre democratas e republicanos para elevar o teto da dívida pública, Draghi disse não acreditar que isso possa acontecer.