Jornal Correio Braziliense

Economia

Oposição americana enfrenta Barack Obama no debate sobre o orçamento

Os economistas estimam que um fechamento prolongado do Estado teria um efeito negativo sobre o crescimento no último trimestre de 2013

Washington - A oposição republicana norte-americana, majoritária na Câmara de Representantes, escolheu, neste sábado, enfrentar o presidente Barack Obama e os democratas no debate sobre o orçamento, três dias antes de um fechamento do Estad, que parece cada vez mais provável.

John Boehner, presidente da Câmara, anunciou, neste sábado, após uma reunião da bancada republicana, que rejeitava o projeto de lei de finanças adotado na sexta-feira pelo Senado, onde os democratas contam com a maioria.

Os representantes votarão neste sábado à noite um projeto que financia o Estado até 15 de dezembro, atrasando por um ano a implantação completa da reforma do sistema de saúde do presidente Barack Obama e anulando um novo imposto sobre os equipamentos médicos. Também devem adotar uma dispositivo para garantir o pagamento aos militares, caso não haja acordo sobre o orçamento no Congresso.

"Vamos fazer nosso trabalho e enviar este texto (ao Senado) e será o Senado que deverá adotá-lo para evitar o fechamento do Estado federal", alertou Boehner. A Casa Branca condenou a atitude dos republicanos em um comunicado divulgado neste sábado.

"Hoje os republicanos da Câmara de Representantes tomaram uma decisão que levará ao fechamento do Estado", declarou o porta-voz da presidência Jay Carney.

"Os republicanos tinham a oportunidade de adotar uma decisão simples e de rotina para financiar as operações do Estado durante mais algumas semanas, mas preferiram marcar pontos ideológicos exigindo a sabotagem da lei sobre saúde", acrescenta o comunicado.

Em outro comunicado, o Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca anunciou que, caso seja aprovada a reforma proposta pelos republicanos, o presidente Obama a vetaria.

As duas câmaras do Congresso devem imperativamente concordar com um texto comum antes da meia-noite de segunda-feira.

A lei de reforma da saúde obriga todos os norte-americanos a ter uma cobertura de saúde a partir de janeiro de 2014, um dispositivo rejeitado pelos republicanos, que tentaram, sem sucesso, em 40 oportunidades, revogar a reforma de 2010, ratificada pela Suprema Corte.

As pessoas que não contam atualmente com um seguro de saúde poderão se inscrever a partir de 1; de outubro para ter um plano subsidiado pelo Estado.

Os representantes próximos ao movimento ultraconservador do Tea Party apoiaram a estratégia de radicalizar as posições adotadas neste sábado.

"Era exatamente o que nós queríamos", disse à imprensa o representante republicano Raul Labrador. O chefe da bancada democrata no Senado "Harry Reid fechará o Estado se não aceitar esta solução, bastante razoável", acrescentou.

Disputa no Congresso

Contudo os democratas, que adotaram, na sexta-feira, seu próprio texto no Senado, alertaram que qualquer norma que vá contra a reforma da saúde não terá chance alguma de ser aprovada na Câmara alta.

"A votação dos representantes de hoje (sábado) é em vão. Como já disse em inúmeras ocasiões, o Senado rejeitará qualquer tentativa republicana para obrigar uma mudança da lei de saúde por meio de uma lei orçamentária ou sobre o teto da dívida", disse Harry Reid.

O Senado deverá se reunir na tarde de segunda-feira. "É altamente improvável que voltemos à sala antes de segunda-feira. Não estamos brincando. A única saída para os republicanos da Câmara (de Representantes) é adotar o texto do Senado ou fechar o Estado".

Na sexta-feira, o presidente Obama acusou seus adversários republicanos de manter uma atitude intransigente, se referindo a eles como os "extremistas do Congresso".

As agências federais se preparavam sábado para conceder a sua equipe não essencial licença não-remunerada a partir de terça-feira, dia em que começa o exercício fiscal 2014. Milhares de funcionários públicos seriam afetados pela medida, parques e museus nacionais fechariam suas portas e as distintas administrações funcionariam com o mínimo de pessoal.

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Os economistas estimam que um fechamento prolongado do Estado teria um efeito negativo sobre o crescimento no último trimestre de 2013.

"Os dirigentes republicanos da Câmara de Representantes (...) cederam à chantagem do Tea Party", denunciou Nancy Pelosi, líder da bancada democrata. Agora "devem abandonar esta perigosa via que leva ao fechamento do Estado", insistiu. Segundo o democrata John Lewis, que já travou várias batalhas orçamentárias, "nunca estivemos tão próximo de um fechamento" do Estado.