O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou nesta quinta-feira (26/9) em Nova York a empresários e investidores norte-americanos que seu governo pôs "a casa em ordem" em matéria econômica e financeira, apesar das altíssimas cifras de desemprego e de um orçamento de 2014 que ainda deve ser muito austero.
"Nós colocamos nossa casa em ordem", disse Rajoy em uma apresentação no Council on Foreign Relations, influente organização norte-americana não partidária com sede em Manhattan.
O encontro, realizado paralelamente à Assembleia Geral da ONU, tratou das relações entre Espanha e Estados Unidos e Rajoy o utilizou como plataforma para falar da recuperação que seu país começa a mostrar.
"O crescimento econômico não deve demorar. As reformas trabalhista e financeira estabeleceram as bases", afirmou Rajoy diante de um centena de empresários, representantes de bancos e fundos de investimento como JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citi, Blackstone e AT.
O governo espanhol deve publicar previsões econômicas melhores para 2014, com um crescimento projetado de 0,5%. Contudo, a economia continuará se contraindo este ano.
Até o momento, o governo projeta uma queda de 1,3% do PIB em 2013, após cair 1,6% em 2012.
Na sexta-feira, o governo espanhol aprovará seu projeto de orçamento para 2014, que será muito austero.
Entre as medidas esperadas está um novo congelamento de salários para os funcionários públicos e uma modificação do cálculo das aposentadorias, em um país que tem uma taxa de desemprego de 26,26%, a segunda mais alta da União Europeia.
"O problema do desemprego continua sendo grave", admitiu Rajoy, afirmando que todos os esforços do governo vão dirigidos a "criar empregos".
Segundo cifras oficiais, entre os jovens de menos de 25 anos, a taxa de desemprego é de 56,1%.
O número de desempregados cai há seis meses.
Segundo o presidente do governo, a melhor evidência da recuperação da Espanha é a "alta das exportações" que terá como consequência um "superávit de 2,5%" previsto para 2013 na balança comercial.
"As reformas começam a dar seus frutos", Rajoy destacou o fato de que a taxa de risco "despencou, passando de quase 640 pontos básicos a 250" em um ano.
Confiança na América Latina apesar de "alguns problemas"
Em sua apresentação, Rajoy lembrou que os Estados Unidos e Espanha são "os principais investidores" na América Latina e acrescentou que seu país continua confiando na região por mais que "tenha havido alguns problemas", em uma referência velada a expropriações como a sofrida pela petroleira Repsol, de sua filial YPF na Argentina no ano passado.
Rajoy também defendeu o projeto da União Europeia (UE), afirmando que isso deve aprofundar sua integração. "A Europa precisa ter uma só voz para ter peso. De novo a união frente à desintegração", afirmou.
Por último, Rajoy insistiu em uma reforma da ONU que não se concentre em responder a ambições de alguns países de ter mais poder, porque isso aprofundará a paralisia da organização.
Na quarta-feira, em sua participação na Assembleia Geral da ONU, Rajoy defendeu a candidatura de seu país a um assento não-permanente do Conselho de Segurança da organização para o período 2015-2016.
O máximo órgão de decisão das Nações Unidas é formado por 15 membros, cinco deles permanentes e com poder de veto (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China) e dez rotativos, que mudam a cada dois anos e estão divididos segundo critérios geográficos.