O ministro argentino da Economia, Hernán Lorenzino, se reuniu em Washington com técnicos do FMI para elaborar um novo índice de inflação, informou nesta terça-feira (17/9) o governo, em meio a questionamentos dos dados oficiais.
Lorenzino viajou aos Estados Unidos para "acertar detalhes sobre o novo Índice de Preços ao Consumidor nacional e urbano (IPC), cujo desenho estará pronto no final do mês" e que o Executivo deve apresentar no último trimestre de 2013, disse o governo em seu site oficial.
O ministro viajou acompanhado de funcionários do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), cujos dados são questionados por consultores privados, pela oposição e pelo próprio Fundo Monetário Internacional (FMI).
Por causa das críticas a esses dados oficiais, o FMI impôs em fevereiro uma censura a Argentina, em um fato inédito na história do organismo.
A entidade multilateral ameaçou o governo de Cristina Kirchner a reformar as estatísticas de inflação antes do final de setembro, do contrário poderia sancionar o país com a perda do acesso a créditos ou do direito a voto (a Argentina não tem créditos atualmente com o organismo).
Segundo dados oficiais, a inflação da Argentina em 2013 será de cerca de 10%, apesar de as estimativas de consultoras privadas, reveladas pela oposição, apontarem 25%, níveis similares aos entregues por essas empresas em 2012.
Os consultores não podem publicar os dados sob pena de severas sanções.
Segundo o governo, o novo IPC será mais abrangente que o sistema atual, que só mede a evolução dos preços de uma cesta de bens em Buenos Aires e sua povoada periferia.
Durante sua estada de três dias em Washington, Lorenzino se reuniu também com a equipe de advogados que defende a Argentina contra os fundos especulativos nos EUA, informou o governo sem maiores detalhes.
A justiça nova-iorquina decidiu que Buenos Aires deve pagar à vista 100% de uma dívida de 1,47 bilhão de dólares reivindicada por dois fundos que rejeitaram as trocas de 2005 e 2010.
Esses fundos compraram a dívida já em default e, por isso, são chamados de "abutres" por Buenos Aires.
Após essa decisão, a Argentina recorreu à Suprema Corte dos EUA que deve decidir se aceita o caso ou não.