Os dólares continuaram a sair no país no início deste mês. De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (11/9) pelo Banco Central (BC), o fluxo cambial registrou saldo negativo (mais saídas que entradas de dólares) de US$ 2,141 bilhões, na primeira semana de setembro, depois de fechar agosto, também com déficit, de US$ 5,850 bilhões.
De janeiro até a primeira semana deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 97 milhões. Nesse período, o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) ficou positivo em US$ 12,845 bilhões, enquanto o financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou saldo negativo de US$ 12,748 bilhões.
Na primeira semana do mês, a maior saída de recursos foi no fluxo comercial, que registrou déficit de US$ 2,045 bilhões. O fluxo financeiro teve saldo negativo de US$ 96 milhões.
De acordo com os dados do BC, nos cinco primeiros dias úteis deste mês, as operações de pagamento antecipado ficaram em US$ 669 milhões. As operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) chegaram a US$ 734 milhões. Esses valores estão incluídos nas exportações, que totalizaram US$ 2,997 bilhões. As importações ficaram em US$ 5,042 bilhões.
Em julho, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados. Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior podiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos. A medida tenta aumentar a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.
Além dessa medida, o BC retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com isso, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair.
O BC também tem feito intervenções diárias no mercado de câmbio. Uma dessas intervenções são os leilões de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, com oferta de cerca de US$ 500 milhões, por dia. Outra forma de intervenção do BC são os leilões de venda de dólares das reservas internacionais com compromisso de recompra. Em agosto, as vendas de dólares impactaram as reservas internacionais em US$ 4,110 bilhões. Em setembro, no dia 4, o impacto negativo ficou em US$ 20 milhões. Mas também houve retorno de dólares às reservas de US$ 1,006 bilhão no dia 3.
O mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e diminuir as injeções de dólares na economia global, caso o emprego e a produção nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise econômica iniciada há cinco anos. Se houver redução de estímulos, o volume de moeda norte-americana em circulação cai, aumentando o preço do dólar em todo o mundo.