Jornal Correio Braziliense

Economia

Taxa de inscrição rende R$ 400 milhões a bancas organizadores de concursos

Empresas que organizam concursos públicos cobram caro, mas, na maioria das vezes, oferecem serviços de baixa qualidade


Organizar concursos públicos no país se transformou em algo tão lucrativo quanto a exploração de minas de ouro. De 2011 até meados deste ano, cinco bancas faturaram 90% dos R$ 404,6 milhões arrecadados apenas com o pagamento de inscrições de candidatos que almejam uma vaga no serviço público federal (veja arte). Levantamento feito pelo Correio aponta que o Cespe, a Cesgranrio, a Fundação Carlos Chagas (FCC), a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Escola de Administração Fazendária (Esaf) concentram o mercado desse tipo de seleção.

Denominado como ;empresa sem fins lucrativos;, o Cespe foi o campeão de faturamento entre as empresas que organizam certames. Recebeu R$ 118,3 milhões no período, 29,2% do total. Em segundo lugar, está a Cesgranrio, com uma arrecadação de R$ 101,2 milhões, mais de 25%. Somente as duas detêm mais de 50% da indústria dos concursos e são consideradas referências na elaboração de processos seletivos para cargos federais. Para chegar aos números apresentados, a reportagem multiplicou o valor médio das inscrições pelo número de candidatos que garantiram o direito de concorrer a uma vaga.

Na avaliação da diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Maria Thereza Sombra, o custo elevado das inscrições e o faturamento das bancas não correspondem à qualidade dos exames. Para ela, as empresas não têm mão de obra qualificada e ainda oferecem aos candidatos acomodações desconfortáveis durante as provas.

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