Jornal Correio Braziliense

Economia

Alta dos juros deve desestimular busca de crédito por empresas, diz BC

O diretor do BC Túlio Maciel tambem disse que a alta pode desestimular busca de crédito pelas famílias. Para as famílias, a taxa subiu 0,9 ponto percentual e passou para 25,1% ao ano



Maciel ressaltou, entretanto, que o crédito voltado para investimentos continuará crescendo. Ele citou o crédito direcionado, que, este ano, ;abrange duas modalidades mais fortes;, que são os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os liberados para financiar a habitação. Tais modalidades, disse ele, "puxam o crédito e estão concentradas em bancos públicos;.

;O crédito livre também tem aumentado ao longo do ano, mas em ritmo menor que o direcionado;, destacou Maciel. O saldo das operações de crédito com recursos livres (R$ 1,444 trilhão) ficou estável em julho em relação ao mês anterior. Em 12 meses encerrados em julho, houve expansão de 9,2%. Já o saldo do crédito direcionado (R$ 1,101 trilhão) teve crescimento de 1,3% no mês e de 26,6%, em 12 meses.

Para Maciel, a estabilidade do crédito livre em julho pode estar associada ao ciclo produtivo das empresas. Segundo ele, em julho, ainda não tinha começado o ciclo mais forte da produção industrial, que ocorre a partir de setembro, para suprir o comércio em momento de aumento de vendas, característica de final de ano. Maciel citou também a produção agrícola, que se inicia em agosto. Outro fator que pode ter influenciado no resultado é a queda da confiança, tanto de tomadores de crédito quanto dos bancos, após as manifestações de protesto no final de junho. ;Isso pode ter sido fator adicional na medida que deixa tanto tomadores quanto os bancos mais cautelosos em ambiente que a confiança recuou.;

Os dados do BC, divulgados hoje, mostram ainda que o spread (diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e a de empréstimos aos cliente) do crédito com recursos livres subiu 1,3 ponto percentual para as famílias de junho para julho. Para as empresas, houve alta de 0,6 ponto percentual. No caso do crédito direcionado, houve queda de 0,2 ponto percentual para as famílias e de 0,1 ponto percentual para as empresas.

Maciel explicou que o spread é influenciado pela inadimplência, pelos tributos, pelos lucros dos bancos e pelo risco. ;O spread vinha caindo, acompanhou a inadimplência. [Mas] julho é um mês em que tivemos queda na confiança e isso torna tanto tomadores quanto bancos mais cautelosos na concessão. Além disso, em julho, já houve um cenário internacional com um pouco mais de movimentação em termos de taxas de juros.;

De junho para julho, a taxa de inadimplência de empresas e famílias caiu 0,1 ponto percentual e ficou em 3,3%, o menor nível da série histórica iniciada em 2011.