Jornal Correio Braziliense

Economia

Mestres e doutores encontram dificuldades para encontrar emprego

Especialistas explicam que conhecimento só vale no mercado se resultar em maior capacidade de gerar retorno

Encontrar profissionais qualificados tem sido um desafio para muitos empregadores. Pesquisa da Fundação Dom Cabral indica que 92% das empresas de grande porte têm dificuldade em contratar. Os obstáculos são escassez de profissionais capacitados, em 81% dos casos, falta de experiência na função (49%) e deficiência na formação básica (42%). Ao mesmo tempo, vários profissionais com diplomas de mestres e doutores, supostamente talhados para funções complexas, não são aceitos nas vagas disponíveis e não compreendem o motivo da falta de reconhecimento das suas qualidades.



Para especialistas em recursos humanos, o problema é que há, muitas vezes, um descasamento entre o que o mercado quer e o que o profissional tem a oferecer. O diretor executivo da empresa de recrutamento Page Personnel, Roberto Picino, ensina que o primeiro passo para evitar essa contradição é o autoconhecimento. Identificar o que quer e em que se encaixa: carreira acadêmica, corporativa, privada ou pública. E isso deve se tornar claro de preferência quando a pessoa ainda é bem jovem. Nunca é tarde, porém, para ajustes. “Pode-se procurar aconselhamento de um headhunter e encontrar novos rumos”, aconselha.

Obstáculos semelhantes têm sido enfrentados pela advogada mineira Fernanda Nepomuceno de Souza, 42 anos. Doutora em ciências políticas e diplomáticas, na Holanda, ela morou na Bélgica e na Costa do Marfim. Pesquisadora da Organização das Nações Unidas (ONU), ganhou prêmios internacionais e escreveu o livro Tribunais de guerra. Ao voltar ao Brasil, viu seu salário despencar de R$ 20 mil para R$ 5 mil. Ela vem tentando se recolocar em vagas melhores, mas não consegue. “Recebo sempre a mesma resposta: ‘não temos condições de pagar’. O currículo só não adianta. É preciso uma pessoa para nos indicar”, reforça ela, que se queixa de ver gente sem qualificação ganhando mais. Fernanda pensa em trocar a iniciativa privada pelo serviço público.

A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique