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Economia

Governo americano não quer fusão entre American Airlines e US Airways

A operação anunciada em fevereiro prevê uma fusão entre AMR e US Airways, o que criaria a maior companhia aérea dos Estados Unidos e um gigante mundial com valor na bolsa de 11 bilhões de dólares

NOVA YORK - O governo dos Estados Unidos apresentou uma ação contra a fusão entre AMR, matriz da companhia aérea American Airlines (atualmente em concordata), e a US Airways.

"Esta fusão seria traduzida com um aumento das passagens aéreas para os consumidores por um serviço reduzido", afirma um comunicado do Departamento de Justiça, que destaca que a demanda pretende "manter a concorrência" no setor.

A operação anunciada em fevereiro prevê uma fusão entre AMR e US Airways, o que criaria a maior companhia aérea dos Estados Unidos e um gigante mundial com valor na bolsa de 11 bilhões de dólares.

"O transporte aéreo é vital para milhões de consumidores americanos que voam regularmente por trabalho ou por prazer", destacou o procurador-geral Eric Holder, citado no comunicado.

O Departamento recorda que as empresas atualmente competem em mais de mil trajetos.

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"Se a fusão se concretizar, mesmo um pequeno aumento nos preços das passagens, do (transporte da) bagagem ou uma mudança dos voos implicaria milhões de dólares para os consumidores norte-americanos", destacou Bill Baer, responsável pela divisão antimonopólio do DoJ.

A fusão provocaria uma concentração de mais de 80% do mercado americano de transporte aéreo comercial entre apenas quatro empresas, segundo o governo.

A demanda, que teve a associação de seis estados, foi apresentada a um tribunal de Washington.
[SAIBAMAIS]
Na semana passada as autoridades europeias antimonopólio deram sua aprovação à operação, ao considerar que isso não implica um risco para a concorrência nos trajetos com a Europa, com exceção do trecho entre Londres e Filadélfia.

Para as autoridades norte-americanas a operação permitiria as empresas "coordenar mais facilmente" para aumentar os preços ou para introduzir custos agregados, por exemplo por mudanças de itinerário, que já significaram 6 bilhões de dólares no ano passado.

"A fusão de dois importantes competidores só vai piorar as coisas, exacerbando a tendência atual das empresas a reduzir os serviços, aumentar os preços e os cobros aos passageiros", afirmou Baer.

American Airlines transportou mais de 80 milhões de passageiros em todo o mundo no ano passado e a US Airways a 50 milhões de viajantes, com um volume de negócios de 24 e 13 bilhões de dólares, respectivamente.

As empresas divulgaram um comunicado conjunto nesta terça-feira afirmando que se defenderiam na justiça para concretizar a fusão.

As companhias aéreas refutaram os argumentos de que a fusão limitaria as possibilidades para os passageiros.

"Integrar as redes complementares da American e US Airways para beneficiar os passageiros é a motivação para unir essas duas companhias aéreas. Bloquear esta fusão que favorece a concorrência deixará os clientes sem acesso a uma rede aérea maior que lhes dá mais opções", disseram.

A casa matriz de American Airlines, AMR, recorreu em novembro de 2011 ao Capítulo 11 da lei para concurso de credores, buscando reduzir a carga de sua dívida e os altos custos salariais.