Somadas à elevação do dólar e aos juros mais altos, as manifestações que tomaram conta do país ao longo do último mês foram fatores determinantes para a desaceleração das vendas no comércio, que caiu 3,74% entre maio e junho, ficando estagnado em 0,67% em relação ao mesmo período de 2012.
Para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, o cenário ainda deve ser preocupante para o setor varejista para o segundo semestre. "Estamos trabalhando com uma inflação que deve fechar o ano no intervalo de tolerância da meta, o que ainda continua sendo muito alta", disse. Os 10 dias que marcaram os 28 jogos, da abertura à final do torneio preparatório para a Copa do Mundo de 2014, impactaram diretamente no comércio brasileiro devido aos feriados decretados nas cidades-sedes que receberam as partidas. "Muitos jogos foram realizados aos sábados, que é um dos dias de mais movimento no varejo", lembrou Roque.
Os mais diversos protestos que levaram o brasileiro às ruas também impactaram para os números preocupantes do setor. "As manifestações também podem ter ajudado a despertar uma maior preocupação da população com a economia. Isso invariavelmente afeta o comportamento e a confiança do consumidor", explicou o presidente da CNDL.
Terminada a euforia gerada pela Copa das Confederações, o Brasil volta a encarar a dura realidade pela qual a economia passa. A alta da inflação, que corrói a cada dia o poder de compra dos consumidores, contribuiu para o aumento da taxa de inadimplência, em um crescimento de 1,13% em relação a maio e junho deste ano, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).