Jornal Correio Braziliense

Economia

Criação de emprego nos EUA põe em dúvida a continuidade de estímulo do Fed

Apesar do desemprego permanecer em junho em 7,6% da população economicamente ativa, as cifras publicadas nesta sexta-feira pelo Departamento de Trabalho mostraram uma criação de empregos líquida de 195.000 postos

WASHINGTON - A economia dos EUA criou mais empregos que o previsto em junho e, para os analistas, isso possibilita uma redução dos estímulos econômicos do Federal Reserve, que sustentaram o mercado de ações nos últimos meses.

Apesar do desemprego permanecer em junho em 7,6% da população economicamente ativa, as cifras publicadas nesta sexta-feira pelo Departamento de Trabalho mostraram uma criação de empregos líquida de 195.000 postos, muito acima do esperado pelos analistas que aguardavam 166.000 contratações.

A isso se somam revisões importantes dos dados do mês de abril (199.000 postos ao invés de 149.000) e maio (195.000 ao invés de 175.000). "Nos últimos doze meses, foram criados em média 182.000 empregos por mês", informou Erica Groshen, responsável pelo escritório de estatísticas do Departamento de Trabalho.



Assim como previam os economistas, a taxa de desemprego permaneceu estável em 7,6%. O número de desempregados por sua vez ficou em 11,8 milhões de pessoas, enquanto a população economicamente ativa aumentou a 63,5% (contra 63,4% o mês anterior), o que representa 177 mil trabalhadores a mais no mercado.

Há um ano, a taxa de desemprego era de 8,2%. "Graças às revisões de abril e maio, o panorama do emprego se transformou em um mês", afirmou Chris Low, economista da FTN Financial. Se o emprego melhorar, o Fed reduzirá seu estímulo à economia.

O Fed compra 85 bilhões de dólares em bônus do Tesouro e títulos hipotecários, como forma de baixar as taxas de juros e injetar liquidez na economia.

O organismo, que mantém a taxa básica de juros em um nível próximo a zero, já indicou que sua intenção é reduzir estas compras de ativos quando as condições do mercado permitirem. "Estas cifras mostram um panorama otimista do mercado de trabalho e isso deixa a porta aberta ao Federal Reserve para começar a reduzir suas compras a partir do outono" no hemisfério norte, afirmou Jennifer Lee, de BMO.

Para Jim O;Sullivan, economista chefe da HFE, "o dinamismo das cifras do emprego é mais do que suficiente para que o Fed reduza sua política monetária ultraflexível desde setembro".

Muitos analistas afirmam que uma redução da injeção de liquidez será anunciada na reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC) de 18 e 19 de setembro. Até essa data haverá duas publicações de cifras sobre o emprego pelo governo.

O Fed disse que encerraria suas compras em meados de 2014 quando a taxa de desemprego alcançar 7%. Haveria alta das taxas de juros apenas com um desemprego de 6,5% e a maioria dos integrantes do organismo preveem que isso não acontecerá antes de 2015.

O governo federal, afetado pelos cortes do gasto impostos pelo Congresso, voltou a reduzir sua mão de obra, suprimindo 5.000 empregos em junho a um total de 65.000 nos últimos 12 meses. Segundo dados do Departamento de Trabalho o tempo médio trabalhado permaneceu estável em 34,5 horas semanais em junho, enquanto o salário médio por hora avançou 10 centavos a U$24,01. Em um ano avançou 51 centavos ou 2,2%.