Jornal Correio Braziliense

Economia

Banco central chinês intervirá para ajustar nível de liquidez na economia

Há três semanas, a falta de liquidez no mercado interbancário provocou a alta das taxas de juros a curto prazo

XANGAI - O Banco Central chinês anunciou nesta sexta-feira (28/6) que intervirá para "ajustar" o nível de liquidez na economia, para garantir a estabilidade, depois de semanas de escassez que colocaram os mercados em alerta.

"O PBOC (Banco Popular de China) utilizará todo o tipo de ferramentas ou medidas para ajustar o nível global de liquidez para garantir uma estabilidade geral no mercado", declarou o presidente do banco central, Zhou Xiaochuan, em sua primeira reação após a queda da Bolsa de Xangai no começo da semana.

O Banco Central garantirá "o funcionamento normal" da economia, acrescentou em coletiva de imprensa em Xangai. A China vai "manter uma política monetária prudente e ajustá-la quando considerar necessário", acrescentou.

Há três semanas, a falta de liquidez no mercado interbancário provocou a alta das taxas de juros a curto prazo, pondo em perigo a capacidade dos bancos de se financiar e conceder créditos.

Segundo uma entidade em Xangai, que faz empréstimos em pequenas quantidades, as empresas privadas encontraram, com frequência, dificuldades para ter acesso ao capital, mas, no momento, o impacto da escassa liquidez não foi muito sentida.

"Recentemente, cada vez mais empresas manufatureiras ou de construção recorreram a nós em busca de créditos", disse Gu Yang, da Shanghai Kangxin Micro-credit Co.

As taxas interbancárias começaram a subir, coincidindo com a festa do Barco-dragão, no dia 12 de junho, um fenômeno habitual em período de festas, mas não voltaram a cair.

Essas tensões provocaram a queda da Bolsa de Xangai, que fechou na terça-feira em seu nível mais baixo desde a crise financeira de 2009.



"Crescimento estável"

No fim de semana passado, a agência oficial Xinhua afirmou que o problema não se deve à falta de liquidez, mas sim à concessão de fundos. O Banco Central considerou que a liquidez estava em um "nível apropriado" no sistema bancário, dando a entender que não ia intervir.

Contudo, após dois dias consecutivos de fortes quedas na Bolsa de Xangai, a instituição anunciou sua decisão de estudar caso a caso.

As declarações de Zhou desta sexta-feira vão no mesmo sentido.

"O discurso de Zhou corresponde ao comunicado anterior (terça-feira) do banco central e as expectativas do mercado", declarou Zhang Qi, de Haitong Securities.

A Bolsa de Xangai fechou, nesta sexta-feira, com alta de 1,50% após abrir em queda.

Para Liu Shengjun, vice-diretor do Lujiazui Institute of International Finance, as declarações do presidente do Banco Central "são um gesto com o qual disse a todo mundo que não fiquem nervosos".

Zhou Xiaochuan falou da desaceleração da economia chinesa, mas se mostrou confiante em sua capacidade de crescimento.

"A economia chinesa conserva, em geral, um crescimento estável", declarou em um fórum financeiro em Xangai. "A taxa de crescimento desacelerou um pouco, mas se mantém em uma margem estável", acrescentou sem oferecer dados precisos.

A China, segunda economia mundial, registrou um crescimento de 7,8% em 2012, seu nível mais baixo em 13 anos. No primeiro trimestre, foi de 7,7%, inferior às previsões dos analistas.

No dia 15 de julho é esperada a publicação dos dados de crescimento do segundo trimestre.

Apesar da desaceleração, Zhou prometeu que a China continuará suas reformas econômicas, incluindo uma liberalização progressiva do fluxo de capitais entre a China e o exterior.

A equipe do novo primeiro-ministro, Li Keqiang, que chegou ao poder em março, manifestou sua vontade de prosseguir com as reformas estruturais e reduzir o crédito após o forte aumento registrado desde o outono (do hemisfério norte) passado.