O Brasil está preparado para enfrentar as turbulências do mercado financeiro internacional, disse há pouco o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. ;Preparamos uma estratégia pra enfrentar a situação, com crescimento. E se não fosse a crise [na economia global], a nossa média de crescimento seria maior que 3,6%;, disse.
[SAIBAMAIS]Mantega disse também que o crescimento dos investimentos está acima do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país. Segundo ele, há ainda o mercado interno forte, ao contrário de outros países que vivem a crise. Lembrou que a dívida pública vem se comportando, até o presente momento, em uma trajetória de queda. ;Consolidamos a solidez fiscal e financeira, com a inflação sob controle. Mas vivemos no rastro da crise da economia mundial;, avaliou Mantega.
Na análise de Guido Mantega, embora a economia dos Estados Unidos tenha dado sinais de recuperação, a Europa continua com problemas. O crescimento econômico dos países emergentes também se desacelerou. Outro fator importante, lembrou, é a China, que está apresentado crescimento menor do que vinha apresentando. ;A previsão é que a China continue se desacelerando. Portanto, essa queda da economia chinesa e de outras cria um contexto de economia fraca, com crescimento fraco e incapaz de atender às necessidades. Isso significa que os países exportadores, como o Brasil, estão disputando os mercados disponíveis, acirrando a competição internacional;.
O ministro observou que as recentes declarações do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, indicam redução dos estímulos monetários que vinha concedendo. ;O FED, que vinha colocando trilhões de dólares, sinalizou mudanças na postura: em função disso, os títulos americanos passaram a ficar mais valorizados, levando os recurso de volta para a economia americana[que ficou mais atrativa];.
Com a mudança, informou Mantega, e os juros sinalizando melhora nos EUA, gerou-se a saída de capitais do mundo para a economia norte-americana. ;Isso afeta o câmbio. Temos uma valorização do dólar e queda da moedas dos outros países. Isso afeta também as bolsas, que têm caído nas últimas semanas. Essa situação causa a turbulência que continua nos dias de hoje;. Mesmo diante deste quadro, Mantega citou ; como contraponto - as previsões otimistas da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. De acordo com o ministro da Fazenda, a entidade divulgou pesquisa indicando que investidores dos Estados Unidos estão interessados em investir fortemente no Brasil nos próximos anos.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) observou, durante a apresentação de Mantega, que o ministro da Fazenda mencionou 18 vezes as palavras ;crise; e ;ano ruim;. ;Estamos vivendo uma crise de confiança chamada Guido Mantega e equipe econômica. A crise tem nome e sobrenome: chama-se Dilma e Guido Mantega;, disse Maia. O parlamentar também criticou a ação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo Rodrigo Maia, o ministro e o banco fizeram apostas que deram errado, como investimento nos grupos JBS e EBX, este último do empresário Eike Batista.
O deputado criticou também a chegada de uma possível crise no setor aéreo. ;O Brasil precisa fazer debate sobre o BNDES, que jogou muito dinheiro fora. [Há, além disso, o] problema dos fundos de pensão, que têm comprado títulos da Argentina e da Venezuela. Isso é um crime [que envolve] os aposentados. Outro problema é o aporte que o Banco do Brasil fez ao Banco Votorantim, de R$ 2 bilhões;, disse.