Buenos Aires - Produtores agropecuários argentinos consideraram bem-sucedido o primeiro dia útil de uma greve de cinco dias de comercialização de carnes e grãos contra a política fiscal, enquanto o governo atribui objetivos políticos ao movimento, dias antes de vencer o prazo para a inscrição de candidatos às legislativas de outubro.
A greve, lançada sábado e que dura até quarta-feira, mostrava nesta segunda-feira uma forte adesão ao apresentar participação quase nula nos mercados varejistas de gado, nenhuma operação na maior bolsa de cereais e com escassa circulação de caminhões com grãos nas estradas do país, onde se multiplicavam as assembleias de produtores à beira do caminho, segundo dirigentes do setor. "Para nós não resta dúvida de que a greve teve alta adesão, estimamos em 95% neste primeiro dia de trabalho, portanto, é um sucesso", disse à AFP Cristian Roca, dirigente da Federação Agrária Argentina, uma das quatro entidades que reúne produtores na chamada "Mesa de Enlace".
A Argentina, um dos maiores produtores de alimentos, é a principal exportadora mundial de óleo e farinha de soja e a terceira de soja e de milho.
Julio Calzado, analista de mercado da Bolsa de Comércio da cidade de Rosário, onde se encontra o maior porto agroexportador do país, disse à AFP que no recinto do principal mercado de grãos argentino "a operação foi praticamente nula nesta segunda-feira devido à greve". "Os compradores não fizeram ofertas abertas dentro do mercado e a sensação é que amanhã (terça) e quarta-feira será igual", disse.
A greve não inclui a distribuição de produtos perecíveis como leite, verduras e frutas, no entanto, uma excepcional entrega de gado na sexta-feira antes do começo da medida permitiu aos frigoríficos continuar com o trabalho habitual, de forma que o protesta não afetava os consumidores.
A reivindicação não busca gerar desabastecimento, mas sim "um pedido de atenção do governo", disse o vice-presidente da FAA, Guillermo Gianassi.
O governo atribuiu à greve intenções políticas ao considerar que as entidades rurais buscam promover seus dirigentes como candidatos para as legislativas de outubro. "Acredito que pretendem instalar algumas de suas figuras, antes das eleições, com um discurso baseado no caos, como fizeram em outros processos eleitorais", disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Norberto Yahuar, em entrevista ao jornal Página/12.
O ex-líder da Federação Agrária Alfredo de Angeli será candidato a senador federal pelo opositor partido PRO (direita) da província de Entre Ríos (nordeste), enquanto outros dirigentes do setor já ocupam cadeiras no Congresso.
As entidades reivindicam a aplicação de impostos de forma escalonada segundo o tamanho da exploração de cada produtor e a revisão da rede de comercialização, afirmando que recebem apenas entre 5 e 10% do que o consumidor paga nos supermercados por seus produtos.
Segundo Yahuar, "o negócio deles (os dirigentes rurais) é gerar mal-estar na sociedade" e os acusou de buscar "subsídios encobertos". "A decisão deste governo é não atender essas reivindicações que são político-partidárias", disse.
Representantes dos principais produtores protagonizaram uma disputa nesta segunda-feira quando tentaram avaliar o andamento da greve no mercado agropecuário de Buenos Aires, o maior da Argentina, onde foram expulsos pelos trabalhadores do lugar, liderados por sua representante sindical, Fabián Ochoa. "Nós não podemos trabalhar por uma greve que é patronal, pelos próprios interesses deles", se queixou Ochoa.
As patronais agropecuárias mantêm desde 2008 uma disputa com o governo de Cristina Kirchner pelas tarifas de 35% às exportações de grãos de soja e pelas restrições as de trigo e milho, já que primeiro devem cobrir as necessidades do mercado local.
Em 2008, uma greve de 128 dias provocou desabastecimento, em um conflito marcado pela queda da popularidade de Kirchner que fracassou em sua tentativa de implantar impostos móveis à exportação de grãos.
O governo argentino depende principalmente de seu excedente comercial para obter divisas, boa parte do qual se deve ao setor agropecuário, em um contexto de impossibilidade de ter acesso aos mercados de capitais após a moratória sobre a dívida em 2001.
A greve, lançada sábado e que dura até quarta-feira, mostrava nesta segunda-feira uma forte adesão ao apresentar participação quase nula nos mercados varejistas de gado, nenhuma operação na maior bolsa de cereais e com escassa circulação de caminhões com grãos nas estradas do país, onde se multiplicavam as assembleias de produtores à beira do caminho, segundo dirigentes do setor. "Para nós não resta dúvida de que a greve teve alta adesão, estimamos em 95% neste primeiro dia de trabalho, portanto, é um sucesso", disse à AFP Cristian Roca, dirigente da Federação Agrária Argentina, uma das quatro entidades que reúne produtores na chamada "Mesa de Enlace".
A Argentina, um dos maiores produtores de alimentos, é a principal exportadora mundial de óleo e farinha de soja e a terceira de soja e de milho.
Julio Calzado, analista de mercado da Bolsa de Comércio da cidade de Rosário, onde se encontra o maior porto agroexportador do país, disse à AFP que no recinto do principal mercado de grãos argentino "a operação foi praticamente nula nesta segunda-feira devido à greve". "Os compradores não fizeram ofertas abertas dentro do mercado e a sensação é que amanhã (terça) e quarta-feira será igual", disse.
A greve não inclui a distribuição de produtos perecíveis como leite, verduras e frutas, no entanto, uma excepcional entrega de gado na sexta-feira antes do começo da medida permitiu aos frigoríficos continuar com o trabalho habitual, de forma que o protesta não afetava os consumidores.
A reivindicação não busca gerar desabastecimento, mas sim "um pedido de atenção do governo", disse o vice-presidente da FAA, Guillermo Gianassi.
O governo atribuiu à greve intenções políticas ao considerar que as entidades rurais buscam promover seus dirigentes como candidatos para as legislativas de outubro. "Acredito que pretendem instalar algumas de suas figuras, antes das eleições, com um discurso baseado no caos, como fizeram em outros processos eleitorais", disse o ministro da Agricultura e Pecuária, Norberto Yahuar, em entrevista ao jornal Página/12.
O ex-líder da Federação Agrária Alfredo de Angeli será candidato a senador federal pelo opositor partido PRO (direita) da província de Entre Ríos (nordeste), enquanto outros dirigentes do setor já ocupam cadeiras no Congresso.
As entidades reivindicam a aplicação de impostos de forma escalonada segundo o tamanho da exploração de cada produtor e a revisão da rede de comercialização, afirmando que recebem apenas entre 5 e 10% do que o consumidor paga nos supermercados por seus produtos.
Segundo Yahuar, "o negócio deles (os dirigentes rurais) é gerar mal-estar na sociedade" e os acusou de buscar "subsídios encobertos". "A decisão deste governo é não atender essas reivindicações que são político-partidárias", disse.
Representantes dos principais produtores protagonizaram uma disputa nesta segunda-feira quando tentaram avaliar o andamento da greve no mercado agropecuário de Buenos Aires, o maior da Argentina, onde foram expulsos pelos trabalhadores do lugar, liderados por sua representante sindical, Fabián Ochoa. "Nós não podemos trabalhar por uma greve que é patronal, pelos próprios interesses deles", se queixou Ochoa.
As patronais agropecuárias mantêm desde 2008 uma disputa com o governo de Cristina Kirchner pelas tarifas de 35% às exportações de grãos de soja e pelas restrições as de trigo e milho, já que primeiro devem cobrir as necessidades do mercado local.
Em 2008, uma greve de 128 dias provocou desabastecimento, em um conflito marcado pela queda da popularidade de Kirchner que fracassou em sua tentativa de implantar impostos móveis à exportação de grãos.
O governo argentino depende principalmente de seu excedente comercial para obter divisas, boa parte do qual se deve ao setor agropecuário, em um contexto de impossibilidade de ter acesso aos mercados de capitais após a moratória sobre a dívida em 2001.