PARIS - A França reiterou, nesta quinta-feira (13/6), véspera de uma reunião de ministros do Comércio da União Europeia, sua determinação em vetar a negociação de um tratado de livre comércio entre o bloco e os Estados Unidos se esse acordo, que seria o maior do planeta, ameaçar o apoio às indústrias da cultura, que incluem o setor audiovisual.
Os ministros do Comércio Exterior da UE se reunirão na sexta-feira (12/6) em Luxemburgo para debater se concedem ou não um mandato à Comissão para negociar com Estados Unidos, mas a ministra francesa desse setor, Nicole Bricq, adiantou que a França fará valer um bloqueio, a menos que a indústria cultural seja excluída das negociações.
"A França não dará mandato à Comissão se esta persistir em pôr a cultura no campo da negociação", disse a ministra em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal Libération.
Bricq considera que "a Comissão comete um erro tático, já que acredita que se chegarmos (às negociações) com essa exceção, os norte-americanos virão com as suas".
"Se não a entrada da cultura não for excluída, existe o perigo de que os serviços culturais se transformem em reféns da Comissão, uma moeda de troca, mas a exceção cultural não se negocia", disse.
A França teme que um acordo com Estados Unidos ponha em perigo a indústria cultural europeia.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou que a França utilizaria seu "direito de veto político" se a cultura e as "indústrias culturais" não foram excluídas do âmbito das negociações de acordo de livre comércio entre Estados Unidos e a União Europeia.
Catorze ministros da Cultura europeus, entre eles os da Alemanha, Espanha e Itália, apoiaram a posição francesa e assinaram, juntos, uma carta dirigida à Comissão Europeia em que pedem que o setor audiovisual seja excluído das negociações.
"Metade dos filmes europeus não será feita"
Além do mundo político, o tema da "exceção cultural" mobiliza, há meses, associações e profissionais do setor.
A vocação da cultura e do setor audiovisual não deve estar no campo das negociações de livre troca comercial, afirmou na quarta-feira, em Bruxelas, Jean-Paul Philippotel, presidente da União Europeia de Rádio-Televisão (UER), que reúne rádios e televisões públicas de 56 países.
Na terça-feira, uma delegação de cineastas europeus, entre eles o cineasta francês Costa-Gavras, se reuniu com o presidente da Comissão, José Manuel Barroso, para pedir que excluísse a cultura das negociações, mas o diálogo foi infrutífero e os diretores se declararam decepcionados.
Costa-Gavras, que chamou Barroso de "homem perigoso para a cultura europeia", afirmou que, se o setor cultural entrar no acordo de livre comércio com os Estados Unidos, a metade dos filmes europeus não poderá ser feita e "haverá uma uniformização do cinema europeu, como há uma uniformização dos filmes norte-americanos".
Na França, centenas de artistas assinaram petições e uma sociedade de autores, a SCAM, que conta com 33.000 membros, afirmou que "quando a cultura corre perigo, a democracia cambaleia".
Bricq afirmou que a França "não está isolada" em sua posição de defesa da exceção cultural, mas reconheceu que "nem todos os países (que sustentam a mesma posição) estão dispostos a mostrar a mesma determinação na hora de dar um mandato" à UE.
Outros países europeus, começando pela Grã-Bretanha, trabalham a favor das negociações com os Estados Unidos, que poderiam formar a maior área de livre comércio do mundo.
Os ministros do Comércio Exterior da UE se reunirão na sexta-feira (12/6) em Luxemburgo para debater se concedem ou não um mandato à Comissão para negociar com Estados Unidos, mas a ministra francesa desse setor, Nicole Bricq, adiantou que a França fará valer um bloqueio, a menos que a indústria cultural seja excluída das negociações.
"A França não dará mandato à Comissão se esta persistir em pôr a cultura no campo da negociação", disse a ministra em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal Libération.
Bricq considera que "a Comissão comete um erro tático, já que acredita que se chegarmos (às negociações) com essa exceção, os norte-americanos virão com as suas".
"Se não a entrada da cultura não for excluída, existe o perigo de que os serviços culturais se transformem em reféns da Comissão, uma moeda de troca, mas a exceção cultural não se negocia", disse.
A França teme que um acordo com Estados Unidos ponha em perigo a indústria cultural europeia.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou que a França utilizaria seu "direito de veto político" se a cultura e as "indústrias culturais" não foram excluídas do âmbito das negociações de acordo de livre comércio entre Estados Unidos e a União Europeia.
Catorze ministros da Cultura europeus, entre eles os da Alemanha, Espanha e Itália, apoiaram a posição francesa e assinaram, juntos, uma carta dirigida à Comissão Europeia em que pedem que o setor audiovisual seja excluído das negociações.
"Metade dos filmes europeus não será feita"
Além do mundo político, o tema da "exceção cultural" mobiliza, há meses, associações e profissionais do setor.
A vocação da cultura e do setor audiovisual não deve estar no campo das negociações de livre troca comercial, afirmou na quarta-feira, em Bruxelas, Jean-Paul Philippotel, presidente da União Europeia de Rádio-Televisão (UER), que reúne rádios e televisões públicas de 56 países.
Na terça-feira, uma delegação de cineastas europeus, entre eles o cineasta francês Costa-Gavras, se reuniu com o presidente da Comissão, José Manuel Barroso, para pedir que excluísse a cultura das negociações, mas o diálogo foi infrutífero e os diretores se declararam decepcionados.
Costa-Gavras, que chamou Barroso de "homem perigoso para a cultura europeia", afirmou que, se o setor cultural entrar no acordo de livre comércio com os Estados Unidos, a metade dos filmes europeus não poderá ser feita e "haverá uma uniformização do cinema europeu, como há uma uniformização dos filmes norte-americanos".
Na França, centenas de artistas assinaram petições e uma sociedade de autores, a SCAM, que conta com 33.000 membros, afirmou que "quando a cultura corre perigo, a democracia cambaleia".
Bricq afirmou que a França "não está isolada" em sua posição de defesa da exceção cultural, mas reconheceu que "nem todos os países (que sustentam a mesma posição) estão dispostos a mostrar a mesma determinação na hora de dar um mandato" à UE.
Outros países europeus, começando pela Grã-Bretanha, trabalham a favor das negociações com os Estados Unidos, que poderiam formar a maior área de livre comércio do mundo.