Londres - A Associação de Bancos Britânicos (BBA) anunciou nesta quarta-feira alterações nos procedimentos de cálculo da taxa interbancária Libor, com o objetivo de evitar as manipulações registradas ano passado que provocaram um gigantesco escândalo.
Os dados comunicados pelos bancos ao painel que determina diariamente a Libor serão embargados por três meses para evitar possíveis manipulações.
Assim, as instituições não poderão conhecer as taxas comunicadas pelos concorrentes e ajustar as suas em consequência. As investigações das agências de regulação mostraram como as taxas comunicadas ao painel eram manipuladas para a obtenção de benefícios ou para fazer o banco parecer mais sólido.
A taxa, no entanto, continuará sendo fixada a cada dia. Com a mudança, que entrará em vigor no dia 1; de julho, a BBA aplica uma das recomendações centrais do relatório solicitado pelo governo e publicado em setembro por Martin Wheatley, hoje diretor geral da nova Autoridade de Conduta Financeira (FCA).
"Restaurar a confiança na Libor como referência é uma prioridade absoluta para a BBA e trabalhamos duro com os reguladores e o governo para colocar em prática as reformas necessárias antes de transferi-la a uma nova autoridade", afirmou Anthony Browne, diretor geral da BBA. A responsabilidade da fixação da Libor deve ser transferida a uma nova instituição independente porque a BBA fracassou, segundo Martin Wheatley.
Citado no comunicado da BBA, este último "comemorou este novo passo para a aplicação das conclusões" de seu relatório. O anúncio desta mudança foi feito quando, segundo uma fonte próxima à negociação, Bruxelas desejava encarregar a supervisão da Libor à Autoridade Europeia dos Mercados de Valores (ESMA), com sede em Paris, uma proposta que não é vista com bons olhos em Londres.
O escândalo Libor explodiu no ano passado, quando o banco Barclays recebeu multas de 290 milhões de libras (US$ 470 milhões) das autoridades britânicas e americanas pela tentativa de manipulação das taxas interbancárias Libor e Euribor entre 2005 e 2009. Em meio à polêmica gerada no país, o conselheiro delegado da Barclays, Bob Diamond, foi forçado a renunciar.
Outros dois grandes bancos internacionais, o suíço UBS e o britânico RBS foram posteriormente condenados a pagar fortes multas, no valor de 1,5 bilhão de dólares e 600 milhões de dólares, respectivamente. Além disso, outros grandes bancos internacionais estão na mira das autoridades, em particular nos Estados Unidos.
A Libor, fixada em Londres com base em índices comunicados por um painel de bancos internacionais, é a taxa de referência para os empréstimos entre os próprios bancos. Central no mundo das finanças, condiciona mais de 300 trilhões de dólares de produtos financeiros e tem uma incidência nos créditos imobiliários e das empresas.