Na mesa do jantar, nos churrascos de fim de semana, no elevador do prédio, em todo o lugar a inflação tem dominado as conversas. Preocupados com a disparada de preços que anda derretendo o salário real e o poder de compra das famílias, os brasileiros seguem atentos ao monstro inflacionário. Se as eleições fossem hoje, dizem os consumidores, não há dúvidas de que o tema seria determinante na hora de eles depositarem os votos nas urnas para a escolha do futuro presidente da República.
Pesquisas internas do Palácio do Planalto já confirmam as consequências políticas da combinação do baixo crescimento do país com a alta de preços: a presidente Dilma Rousseff teria perdido oito pontos percentuais em popularidade diante do discurso leniente do governo em relação à disparada dos preços. O quadro só teria deixado de piorar quando o Banco Central passou a elevar a taxa básica de juros (Selic), em abril, para tentar conter a disseminação de reajustes ; na próxima terça-feira, sairá pesquisa sobre a popularidade do governo e da presidente feita em parceria da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) com o Vox Populi e o Sensus.
O quadro se mostra sombrio para os consumidores. Nos 12 meses terminados em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou no teto da meta perseguida pelo BC e, quando junho fechar, a taxa terá estourado esse limite pela segunda vez neste ano. Não à toa, a massa real de salários dos trabalhadores amarga o menor em nove anos. Entre janeiro e abril de 2013, comparado a igual período do ano passado, o ganho real cresceu 3,4%, o pior resultado desde o primeiro quadrimestre de 2004, quando o indicador recuou 2,2%.