Bruxelas - A União Europeia (UE) impôs nesta terça-feira (4/6) "por unanimidade" tarifas aos painéis solares chineses, apesar da resistência de vários países europeus, liderados pela Alemanha e as ameaças de represálias de Pequim.
"Decidimos por unanimidade impor tarifas de forma provisória" à importação de painéis solares, disse o comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht em uma coletiva de imprensa.
Após uma "exaustiva investigação", a Comissão Europeia (CE) acusa a China de inundar o mercado europeu com painéis solares até 88% mais baratos, "o que prejudica as empresas europeias".
"Está claro que o dumping prejudica a indústria de painéis solares da União Europeia e ameaça 25.000 empregos", disse. Em uma primeira fase, as tarifas foram estabelecidas em 11,8% até agosto de 2013. Se Pequim não tomar medidas, o percentual subirá para 47,6%.
"A Comissão Europeia reiterou que está disposta a continuar as negociações com os exportadores chineses e com a Câmara de Comércio da China para encontrar uma solução", destacou o representante da UE em um comunicado. "A bola está do lado dos chineses", considerou De Gucht.
"Está claro que se a China não apresentar uma solução até 6 de agosto, serão aplicadas taxas muito mais elevadas", acrescentou.
"Estamos muito aliviados de que a Comissão Europeia tenha decidido tomar medidas concretas para lutar contra as práticas desleais chinesas, que já custaram milhares de empregos e o fechamento de 60 fábricas do setor na Europa", disse o grupo de empresas EU Pro Sun.
A China já havia afirmado que as sanções tarifárias não são apenas uma ameaça para os empregos no país, mas também afetam as companhias europeias, os consumidores e a indústria.
Em um contexto de degradação das relações comerciais entre China e os países ocidentais, Pequim confirmou, na sexta-feira, que iniciou uma investigação antidumping sobre um produto químico importado da UE e dos Estados Unidos.
A investigação é sobre a importação de tetracloroetileno, um produto utilizado como solvente na limpeza de têxteis, informou o Ministério chinês de Comércio. A China notificou há alguns dias o executivo comunitário deste procedimento por dumping dirigido contra alguns grupos industriais do setor químico, como o Solvay.
Esta é a segunda causa antidumping iniciada em três semanas pela China contra empresas europeias e norte-americanas. No começo de maio, a China iniciou uma investigação por causa dos tubos sem soldas importados da União Europeia (UE), Japão e Estados Unidos.
Além dos painéis solares e seus componentes, a UE anunciou, por sua vez, que planeja investigar os fabricantes chineses de equipamentos de telecomunicações como o gigante Huawei e ZTE. A Europa alega que a China está inundando o mercado europeu de produtos baratos, o que prejudica as empresas europeias.
Embora, nas últimas semanas, os conflitos comerciais entre a UE e a China tenham se multiplicado, os especialistas não acreditam que isso desencadeie uma verdadeira guerra comercial.
"Não é uma medida protecionista" afirmou De Gucht. Trata-se de uma "medida de urgência para oxigenar o setor que sofre" as práticas de dumping de Pequim.
"A Comissão se manteve forte apesar das ameaças da China com a cumplicidade da Alemanha e as pressões de alguns Estados", considerou o eurodeputado Yannick Jadot, do grupo dos Verdes. Contudo, nem todos estavam contentes.
"O nível tarifário imposto pela Comissão qualquer que seja impactará duramente a demanda e provocará perda de empregos e um golpe à indústria solar europeia", lamentou a Aliança para uma Energia Acessível (AFASE).